AGU quer investigação sobre possível lucro de investidores com informação privilegiada sobre tarifaço

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A AGU (Advocacia-Geral da União) vai acionar a Polícia Federal e a Comissão de Valores Mobiliários para investigar se investidores teriam se beneficiado de informações privilegiadas e lucrado com o anúncio de sobretaxas de 50% a produtos brasileiros feito pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O pedido ocorre após uma reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, sobre um suposto movimento estranho de compra e venda de dólares no dia do anúncio do tarifaço, que poderia indicar o crime de transações financeiras com informação privilegiada.

O presidente americano anunciou no dia 9 de julho que produtos brasileiros passarão a ter uma sobretaxa de 50% a partir de 1º de agosto.

Na reportagem do JN, o dono de um fundo de investimentos em Nova York aponta um volume de US$ 3 bilhões a US$ 4 bilhões em compra de dólares horas antes do anúncio da sobretaxa de Trump, num movimento considerado abrupto.

Mais tarde, logo após o anúncio, houve um movimento contrário: a venda em grande quantidade da moeda, que já tinha apresentado valorização. Para o gestor ouvido pela reportagem, isso poderia indicar que um investidor pode ter lucrado com a volatilidade de preços com conhecimento prévio a respeito da sobretaxa.

Desde o anúncio de Trump, o dólar já subiu 2,6%.

Ao anunciar a tarifa, Donald Trump vinculou a decisão, entre outros pontos, ao tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que é julgado no STF pela trama golpista.

"Eu acho que isso é uma caça às bruxas, e acho que é muito lamentável, e ninguém está feliz com o que o Brasil está fazendo, porque Bolsonaro foi um presidente respeitado", repetiu o presidente americano em entrevista a jornalistas.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse na quinta-feira (17) em pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão que a sobretaxa de 50% anunciada por Donald Trump a produtos brasileiros seria uma chantagem inaceitável.

O petista também criticou políticos favoráveis à sobretaxa, chamados por ele de "traidores da pátria", e disse que todas as empresas, nacionais ou estrangeiras, devem cumprir as regras do país.

Uma semana após o tarifaço do presidente dos Estados Unidos contra o Brasil e de uma série de declarações da família Bolsonaro e do próprio americano explorando a medida para fazer pressão contra a ação penal da trama golpista em que Jair Bolsonaro (PL) é réu, o ex-presidente foi alvo, nesta sexta-feira (18), de operação da PF e terá que usar tornozeleira eletrônica.

As medidas, determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, se deram em um procedimento que tramita sob sigilo na corte e que foi autuado e distribuído para o gabinete do ministro em 11 de julho, dois dias depois que Trump anunciou a sobretaxa de 50%.

Em sua decisão, Moraes afirma que as falas de Bolsonaro e a atuação do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos EUA são atentados à soberania nacional.

No entanto, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, disse que o tema não pode e não deve comprometer as negociações tarifárias com os Estados Unidos.

Ele destacou que a operação contra Bolsonaro cabe ao Poder Judiciário e ressaltou que a soberania do país é inegociável.

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