A Rússia disse que não espera muito das conversas de paz com a Ucrânia que ocorrerão nesta quarta (23) em Istambul, na Turquia. "Não há nenhuma razão para esperar avanços na categoria de milagres, é quase impossível na situação atual", disse nesta terça (22) o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
Será a terceira rodada de negociação entre os rivais, e a primeira após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dar um ultimato para que Vladimir Putin costure um cessar-fogo no conflito iniciado pelo russo em 2022.
O prazo expira em setembro, e o republicano promete sanções contra Moscou, algo potencialmente inócuo, mas também a países que compram petróleo e derivados russo —o que afetaria sócios da Rússia no Brics como China, Índia e Brasil.
O ultimato foi feito na semana passada, e ao menos acelerou as novas conversas. Nas duas rodadas anteriores, foram acertadas trocas de prisioneiros para demonstrar boa vontade e apresentados os memorandos de lado a lado com as exigências para um cessar-fogo.
Aqui mora o problema. Como Peskov havia dito na véspera, as listas são diametralmente opostas. Os russos fazem exigências territoriais, de neutralidade e até pedem eleições a Kiev para, daí, suspender os combates. Já o governo de Volodimir Zelenski pede a trégua antes das negociações de fato, e rejeita tudo o que considera perda de soberania.
Há poucas dúvidas de que, se um dia a negociação avançar, dificilmente Kiev retomará os 20% que já perdeu de seu território para Moscou. "Nós pretendemos perseguir nossos interesses e completar as missões que nos propusemos desde o começo", disse Peskov.
No papel, isso significa abocanhar 4 territórios anexados ilegalmente por Putin em 2022, apenas 1 dos quais ele controla totalmente. Mas os avanços seguem nos outros e também em 3 regiões que não estão listadas como objetivos da guerra.
Trump mudou sua posição pró-Kremlin após dizer ter sido frustrado por Putin, a quem acusou de falar de forma agradável ao telefone e "bombardear todo mundo à noite" depois.
Os ataques, aliás, continuaram nesta terça, mas em escala menor do que a registrada na véspera. Os russos lançaram 42 drones contra a Ucrânia, um décimo do que haviam empregado na segunda (21). Já os militares de Moscou disseram ter derrubado 35 drones ucranianos, sem revelar quantos foram disparados.
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