O Zoneamento Agrícola de Risco Climático, o chamado Zarc, vai receber novas configurações. O novo sistema, quando efetivado em todo o país, poderá melhorar as condições econômicas dos produtores, sujeitos cada vez mais aos efeitos climáticos, e possibilitar que eles tenham uma subvenção maior nas apólices de seguro rural.
O objetivo é reduzir os efeitos climáticos sobre a agricultura e dar maior viabilidade econômica ao produtor. Com isso, os deputados, por não conseguirem elevar o número de membros na Câmara, não precisarão mais tirar dinheiro do fundo de saúde e da educação para transferir para a agricultura.
A responsabilidade do produtor, porém, aumenta para os que aderirem ao Zarc Nível de Manejo, como está sendo denominado. As informações do Zarc atual permitem ao produtor uma melhor gestão, indicando as culturas e a época ideal de plantio nos municípios onde atua. A partir de agora, o ZarcNM vai considerar também as boas práticas de manejo adotadas pelos produtores.
O Ministério da Agricultura e a Embrapa desenvolvem um projeto-piloto com soja no Paraná. Milho e trigo também já estão em estudo. "É uma grande mudança", diz José Renato Bouças Farias, pesquisador da Embrapa Soja de Londrina (PR).
Mais de 95% da área semeada com soja não é irrigada no Brasil, e a cultura depende da água da chuva e do quanto fica armazenado no solo. Cada região tem seu solo específico, com teor de areia e de argila. Isso o produtor não pode mudar, mas a parte de manejo depende dele, segundo o pesquisador.
"Ele tem de construir o solo a partir do manejo, mas isso não ocorre de um ano para o outro. Leva tempo." As perdas agrícolas têm sido cada vez mais frequentes, e é preciso dar estímulos ao produtor para que adote boas práticas de manejo. Farias diz que o Rio Grande do Sul perde uma safra a cada quatro devido ao clima.
O zoneamento agora vai considerar quatro níveis de adoção de manejo de solo para que os produtores obtenham não só mais produtividade mas também benefícios financeiros nas negociações com instituições de créditos e seguradoras.
Os percentuais de subvenção serão conforme os padrões do manejo adotado pelo produtor. O nível 1 engloba as áreas de manejo inadequado e com degradação. O 2 considera áreas que apresentam riscos climáticos devido ao déficit hídrico e à falta de manejo. Já o 3 e o 4 pressupõem melhorias na fertilidade química, física e biológica do solo, devido ao aprimoramento das práticas utilizadas, o que aumenta a disponibilidade de água no solo e reduz os riscos hídricos.
Folha Mercado
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O objetivo do ZarcNM é que os indicadores utilizados sejam mensuráveis. A disponibilidade de água para as culturas, a profundidade das raízes, as palhadas, o revolvimento do solo, o teor de cálcio e a saturação por alumínio estão entre os requisitos. Além disso, serão consideradas a diversidade de culturas e a semeadura em nível.
As chuvas fortes atuais levam a água de áreas com declive para os rios, sem fixá-las no solo. Dos rios, vão para o mar, comprometendo até a produção de energia nas represas, afirma o pesquisador.
As áreas classificadas como nível 1 e 2 terão um percentual de subvenção no seguro rural de 20% e 25%, respectivamente; as dos níveis 3 e 4 serão de 30% e 35%. A Embrapa dará mais detalhes no congresso que realiza desta segunda-feira (21) a esta quarta-feira (23), em Campinas (SP).