Prestes a se filiar ao PDT, o ex-governador do Paraná Roberto Requião avalia o governo Lula (PT) como de direita e diz não ver nenhum projeto progressista para o país na esquerda atualmente.
"É um governo de direita, neoliberal. Aliás, não sou eu que digo isso, é o Lula. Tem algumas políticas compensatórias. Por exemplo, o IOF, que se eu fosse senador, votaria a favor. Mas o que significa? Nada. O Brasil está sem projeto nacional. Isso acaba com a perspectiva de reeleição do Lula. Digo isso com dor no coração, pessoalmente eu gosto muito dele", afirma à coluna.
Na avaliação dele, um projeto progressista e de esquerda teria nacionalizado o petróleo da Foz do Amazonas, e não leiloado para empresas privadas.
Duas vezes senador e duas vezes governador do Paraná, Requião se filiou ao PT em 2022 e, agora, após turbulências, encaminha a ida para o PDT —o anúncio oficial está previsto para acontecer no próximo dia 16.
O PT, diz, até tem quadros progressistas em sua composição, mas "o partido como um todo não é mais".
Em meio às críticas ao Executivo, ele afirma que o escândalo de fraude no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) é um caso de corrupção entranhada no órgão, e não culpa de uma gestão.
O caso foi o estopim para saída do presidente do PDT, Carlos Lupi, do ministério da Previdência de Lula, e fez a bancada da sigla na Câmara pregar independência em relação ao governo —a do Senado se manteve com o petista.
"Não estou preocupado com essa independência nesse momento. O PDT deve se esforçar para montar um projeto de Brasil. Isso não significa ser independente ou dependente. É o único partido que eu posso participar hoje. Eu tenho uma história trabalhista na minha vida", afirma.
A cerca de um ano das eleições de 2026, Requião não vê nenhum político de esquerda e progressista com projeto nacional atualmente. Para ele, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é "um cara sério", mas liberal e que "acredita no mercado".
Já Ciro Gomes "tem uma posição aberta e crítica, mas não tem projeto", avalia Requião. Já candidato à Presidência pelo PDT, Ciro protagonizou rachas internos na sigla, apoiou nomes bolsonaristas em 2022 e atualmente é especulado no PSDB. "Se ele for, aí é um desastre total para ele mesmo. Não recomendaria que saísse", diz Requião.
Na direita, por sua vez, vê o governo de Ratinho Jr (PSD) no Paraná como "pobre" e "medíocre" e Jair Bolsonaro (PL) "completamente fora da disputa" à Presidência em 2026.
"O principal nome da direita hoje é o governador de São Paulo [Tarcísio de Freitas]", completa.