A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA, na sigla em inglês) colocou 144 servidores em licença administrativa na última quinta-feira (3) e abriu uma investigação sobre a decisão deles de assinar uma carta acusando a administração Trump de politizar a agência.
Funcionários, advogados e defensores atuais e antigos da EPA expressaram alarme com a escalada, dizendo que a agência parece ignorar os direitos da Primeira Emenda dos funcionários.
A EPA afirmou que suas ações são justificadas porque os funcionários assinaram a carta usando seus títulos oficiais e porque a carta atingiu a liderança da agência.
"A Agência de Proteção Ambiental tem uma política de tolerância zero para burocratas de carreira que ilegalmente minam, sabotam e prejudicam a agenda da administração, conforme votada pelo grande povo deste país em novembro passado", escreveu a secretária de imprensa da EPA, Brigit Hirsch, em um email.
Os 144 funcionários receberam emails nesta quinta-feira (3) informando que haviam sido colocados em licença pelas próximas duas semanas "pendente de uma investigação administrativa", de acordo com uma cópia do e-mail analisada pelo jornal The New York Times.
"Você deve fornecer um endereço de e-mail e número de telefone atuais para que possamos contatá-lo como parte de nossa investigação", dizia a mensagem, acrescentando que os funcionários continuariam a receber salários enquanto estivessem de licença.
Justin Chen, segundo vice-presidente do Conselho 238 da Federação Americana de Funcionários do Governo, sindicato que representa mais de 8.000 trabalhadores da EPA, disse que as ações da agência foram "claramente um ato de retaliação". Ele disse que o sindicato "protegerá nossos membros na extensão total da lei".
Na carta que provocou a ação de hoje, enviada na segunda-feira (30) ao administrador da EPA, Lee Zeldin, os funcionários expressaram preocupação de que a agência tenha tomado decisões baseadas em uma agenda política, não na ciência e na lei.
Comunicados à imprensa e boletins informativos recentes da EPA ecoaram alguns dos comentários do presidente Donald Trump sobre o meio ambiente, dizia a carta, citando declarações da agência descrevendo o carvão como "bonito" e "limpo". O carvão é o mais sujo dos combustíveis fósseis e é uma fonte significativa de gases de efeito estufa.
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A carta foi organizada pelo Stand Up for Science, grupo que planejou um comício em março em Washington para protestar contra os cortes acentuados da administração Trump na pesquisa científica financiada pelo governo federal. Dos 278 funcionários da EPA que assinaram a carta, 173 expuseram seus nomes, enquanto 105 assinaram anonimamente por medo de retaliação.
Colette Delawalla, fundadora e diretora executiva do Stand Up for Science e estudante de pós-graduação em psicologia na Universidade Emory, disse em uma breve declaração na quinta-feira que seu grupo estava "ainda reunindo informações sobre esta situação".
Tim Whitehouse, diretor executivo do Public Employees for Environmental Responsibility, grupo sem fins lucrativos que defende os direitos dos servidores públicos, disse que a Constituição geralmente protege o discurso dos funcionários federais. "Acreditamos firmemente que esses funcionários federais têm direitos da Primeira Emenda", disse ele.