Anfitrião de ato de entidades da sociedade civil marcado para sexta-feira (25), o diretor da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, Celso Campilongo, diz que a manifestação extrapola a defesa da soberania nacional.
"É uma defesa da ordem internacional, do direito internacional. Hoje é o Brasil, amanhã pode ser qualquer outro país", diz ele.
A motivação para a manifestação são as medidas de taxação comercial anunciadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, além do cancelamento dos vistos americanos de ministros do STF por uma suposta "perseguição" ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Por isso, diz Campilongo, o ato deverá ter um forte caráter de defesa da independência do Judiciário.
"A ferramenta para essa ofensa contra a soberania tem sido menosprezar o Supremo, pedir que o Supremo seja ignorado, descartado, e isso não podemos aceitar", afirma o diretor.
A inspiração para o evento é um grande ato de defesa da democracia que ocorreu no local em agosto de 2022, quando a reeleição de Jair Bolsonaro (PL) era vista como uma ameaça de ruptura institucional. Na ocasião, o pátio da faculdade ficou lotado, e houve concentração de pessoas em frente ao prédio, na parte externa.
Dessa vez, as proporções devem ser menores, a começar pelo local escolhido, o salão nobre da faculdade.
Diversas entidades confirmaram presença, entre elas OAB-SP, Instituto Vladimir Herzog, Comissão Arns, ABI, UNE, SBPC, Prerrogativas e centrais sindicais.
Segundo Campilongo, por ser um ato da sociedade civil, não estão sendo chamados ministros do STF ou membros do governo Lula. Poderá haver a presença de ex-integrantes da corte e ex-ocupantes do Ministério da Justiça, no entanto.
Para o diretor da faculdade, a ideia não é individualizar as críticas em Trump. Como mostrou o Painel, o manifesto que será lido no evento denuncia a interferência nas instituições brasileiras, mas sem citar o presidente americano.
"Não estamos mencionando o nome, mas é inevitável que alguma menção ao Trump apareça em falas", diz.