Celina, 68, e Joseilton Dias, 71, vão passar este sábado (26), Dia dos Avós, na academia com os netos. Embora ainda sejam pequenos, eles incentivam os avós na prática de exercícios físicos, que proporcionam benefícios à saúde física e cognitiva.
O casal de aposentados faz atividade física há oito meses (antes eles faziam caminhada) na academia perto da casa onde vivem na Vila Liviero, zona sul de São Paulo. Ele, que tem doença de Parkinson em estágio moderado, diz que nem os sintomas da doença o impediram de começar uma nova atividade.
"Eu sou um pouco preguiçosa, vou de três a quatro dias na semana, mas meu marido vai todos os dias, de segunda a domingo. Faz esteira e musculação", conta Celina. "A nossa rotina é acordar cedo, tomar café e ir à academia. Passamos cerca de uma hora e meia ou duas horas", acrescenta.
Quem os matriculou na academia foi a filha, Karina, mas Celina diz que os netos têm um papel importante no incentivo ao exercício físico.
"O mais velho, Murilo, de 13 anos, pratica jiu-jítsu e joga futebol. A Luísa, de 6 anos, faz várias atividades na escola, incluindo judô. A Maria Clara, de 8, e o João Pedro, de 10, jogam tênis. Eles me cobram de ir à academia todo dia", conta a avó.
Ela diz que já observa mudanças na própria saúde e na saúde do marido, que recebeu o diagnóstico de Parkinson em 2020. "A mudança está na coordenação motora, na disposição para andar, para viajar e em todos os afazeres dentro e fora de casa."
Nunca é tarde para começar
"Do ponto de vista médico e científico, não há limite de idade para iniciar atividade física", afirma Naira Hossepian Hojaij, geriatra e coordenadora do núcleo avançado de Geriatria do Hospital Sírio-Libanês.
"Há estudos que mostram que a musculação realmente traz benefícios, tanto em [combater a] dor quanto em qualidade de articulação e de movimento", diz ela sobre os treinos de força.
A grande dificuldade, segundo Hojaij, é convencer os mais velhos de que vale a pena começar, principalmente aqueles que sentem dores nas articulações ou muito cansaço físico.
"É preciso deixar claro que o idoso até pode, eventualmente, ter mais dor, porque além da dor articular o exercício agrega a dor muscular. Mas, se a gente esperar alguns meses, o benefício lá na frente vai ser muito mais importante, com menos dor e com mais funcionalidade", afirma a geriatra.
Hojaij diz que o diagnóstico de doenças crônicas não impede a prática de atividade física e que pacientes com liberação médica podem fazer exercícios sem medo.
Quem tem artrose também pode se exercitar e esperar melhoras, exceto no último grau da doença, em especial no quadril, quando é necessário cirurgia.
Idosos com Parkinson avançado podem não conseguir praticar exercícios devido à rigidez dos músculos. Mas, caso consigam, podem ter benefícios devido ao estímulo cognitivo e sensorial e à preservação muscular.
Os exercícios também podem melhorar os quadros de osteoporose. "O osso poroso depende de um estímulo de tração para que possa se renovar. Por isso o exercício de tração vai ser o melhor, como as técnicas de elástico e de pilates", diz Hojaij.
Mova-se
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Para pacientes com Alzheimer, qualquer atividade física proporciona melhora cognitiva, segundo estudos. "O importante é o paciente ser ativo de todas as formas. Pode ser uma atividade do dia a dia, que ele já costuma fazer, intensificada. Se você agregar uma fisioterapia ou uma musculação, haverá um benefício maior", diz a geriatra.
Para pacientes com diabetes, pesquisas mostram que a prática de exercícios, mesmo que somente duas vezes por semana, reduz os riscos de morte.
Já os pacientes com doenças cardíacas devem fazer uma avaliação médica para saber qual atividade é melhor para o seu caso.
Em todos as situações é preciso estar atento aos sinais de dor. A geriatra afirma ainda que uma dor articular persistente pode indicar "que o movimento está sendo feito com sobrecarga da articulação". Por isso, é fundamental o acompanhamento de um bom educador físico que deverá fazer uma avaliação antes do início do novo hábito.
Além dos exercícios, Joseilton conta que voltou aos estudos pelo EJA (Educação de Jovens e Adultos) em aulas noturnas, só para idosos. Ele também faz palavras cruzadas, algumas tarefas de marcenaria e vende mel.
Celina também diz que não para. "Eu faço crochê, faço pintura a óleo em telas, tenho um pequeno ateliê de costura, faço fantasias de todos os tipos, adoro karaokê, tenho o meu em casa para cantar e ouvir minhas músicas tomando uma cervejinha. Isso tudo para não ficar parada. Quando chega a idade, quanto mais atividades, melhor."