Bolsonaro tenta falar inglês em ato, imita slogan de Trump e pede apoio 'não interessa onde eu esteja'

3 semanas atrás 11

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou novamente falar inglês em um discurso de apelo internacional durante ato deste domingo (29) na avenida Paulista, em São Paulo.

"Make Brazil great again", disse Bolsonaro ao fazer referência ao bordão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

A declaração foi dada após provocação do deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO), que afirmou que seguiria o exemplo do ex-presidente para falar com pessoas que assistiam fora do país à manifestação contra o avanço do julgamento da trama golpista no STF (Supremo Tribunal Federal).

"Seguindo seu exemplo do ‘popcorn’ e icecream’", disse Gayer em referência à fala do ato de 6 de abril no mesmo local, quando foi interrompido por Bolsonaro, que emendou um "I don’t speak english" ("eu não falo inglês").

No ato anterior, em abril, Bolsonaro havia dito: "Popcorn and ice cream sellers sentenced for coup in Brasil'. Ou seja, "sorveteiro e pipoqueiro condenados por golpe de Estado no Brasil", e o discurso viralizou.

Gayer, que também colocou para tocar nos alto-falantes áudios de ministros do Supremo, afirmou que o sistema judiciário brasileiro "é o maior risco para nossa democracia".

DISCURSO

Bolsonaro foi o último a discursar. Em pouco menos de meia hora de fala, ele voltou a se defender das acusações de golpe de Estado e afirmou que a transição de governo, em 2022, tinha sido elogiada pelo atual vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB).

O ex-presidente também repetiu um apelo por "pacificação" no país e voltou a citar teses conspiratórias que havia deixado de lado, como a que o 8 de Janeiro ocorreu por infiltrados de esquerda.

"Eu apelo aos três Poderes da República: sentem, conversem, pacifiquem o Brasil. Liberdade aos inocentes do 8 de janeiro. Julgar e prender de baciada não existe no nosso ordenamento jurídico."

Ao longo de seu discurso, exaltou feitos de seu governo e falou que é necessário se preocupar com as eleições de 2026. Mais uma vez, ele afirmou que mudará o destino do país se tiver "50% da Câmara e 50% do Senado", mas citou indiretamente a hipótese de não voltar a Presidência: "Não interessa onde eu esteja ou a covardia que façam comigo, o objetivo não é prender, é eliminar."

"Se vocês me derem isso [maioria de deputados e senadores], não interessa onde eu esteja, aqui ou no além, quem assumir a liderança vai mandar mais do que o presidente da República", declarou.

Um dos objetivos dos aliados de Bolsonaro é conquistar a maioria de vagas no Senado para conseguir aprovar o impeachment de um ministro do STF. No próximo ano, serão abertas duas cadeiras por estado na casa legislativa.

Em meio a especulações sobre quem ele pode apoiar para se candidatar à Presidência, já que está inelegível pelo menos até 2030, Bolsonaro afirmou que não era momento de tratar do assunto. "Aqui não é carro para comício. É um carro para nós dizermos a verdade", disse.

"Nem eu preciso ser presidente. O Valdemar me mantendo presidente do partido de honra do PL, conseguimos fazer isso com vocês", disse. Ao seu lado estavam dois dos cotados a presidenciáveis, os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Romeu Zema (Novo-MG).

Visto como um dos favoritos a sair candidato à Presidência, apesar de negar publicamente que tentaria algo que não a reeleição em São Paulo, Tarcísio subiu o tom em seu discurso e fez uma série de críticas ao governo Lula, pedindo "fora PT". O governador também falou pela primeira vez em anistia, ainda que rapidamente.

"A gente está aqui para pedir justiça, pedir anistia, pedir a pacificação", disse o governador.

Filho mais velho do ex-presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) colocou o indulto como uma condição para o apoio do pai em 2026.

Bolsonaro foi condenado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por ataques e mentiras sobre o sistema eleitoral é réu no STF sob a acusação de ter liderado a trama golpista de 2022.

Caso seja condenado pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio público e deterioração do patrimônio tombado, a pena pode passar de 40 anos de prisão.

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