BRB agora propõe comprar um terço do Banco Master

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Nova proposta do BRB (Banco de Brasília) ao Banco Central prevê a compra de um terço do Master, do banqueiro Daniel Vorcaro. A proposta envolve a aquisição de R$ 25 bilhões em ativos, cerca de metade do plano do BRB anunciado inicialmente ao mercado financeiro.

Com a definição da fatia do Master que o BRB vai comprar, sobe para cerca de R$ 48 bilhões o conjunto de ativos remanescentes que não seriam adquiridos pelo banco do governo do Distrito Federal. Essa fatia da instituição, com ativos de melhor qualidade, ficou conhecida como "bad bank" (banco ruim). A parte a ser adquirida pelo BRB foi chamada de "good bank" (banco bom).

Nas negociações, o próprio BC pediu que Vorcaro não fizesse parte do grupo de controle da instituição gerada pelo negócio, de acordo com pessoas ouvidas pela Folha. Essa também é uma das demandas das maiores instituições financeiras que contribuem para o FGC (Fundo Garantidor de Créditos).

O FGC já liberou em maio uma linha de crédito para garantir o fluxo de pagamento de R$ 4 bilhões de CDBs (Certificados de Depósito Bancário) do Master. Nessa negociação, Vorcaro colocou bens pessoais como garantia, outra demanda de grandes bancos, uma medida considerada punitiva pelas operações de alto risco feitas pelo dono do Master com recursos captados via CDBs, que têm garantia do fundo.

Procurados pela reportagem, BC, BRB e Master não se pronunciaram.

Do lado dos negociadores do BRB e do Master, a percepção é a de que as demandas legais estão sendo atendidas. Entre eles, há avaliação de que a opinião preponderante no BC é a de que o negócio ficou pequeno e não traz risco ao banco ligado ao governo do DF —esse é um dos principais pontos que o órgão regulador do sistema bancário analisa antes de bater o martelo para autorizar ou não a aquisição.

Entre as demandas do mercado estava a redução do perímetro da operação (ou seja, a fatia que será comprada pelo BRB), como revelou a Folha no final de junho.

No anúncio da operação, em março, os ativos que não ficarão com o banco do DF eram de cerca de R$ 23 bilhões. Mais tarde, o valor foi recalculado para R$ 33 bilhões e, agora, subiu para R$ 48 bilhões para abrir caminho à aprovação pelo BC. Apesar da redução do perímetro, o percentual de 58% de ações que o BRB está comprando do Master não muda.

De acordo com uma pessoa que participa das negociações, a análise do BC estava demorando justamente por causa da definição do tamanho do negócio, além de algumas exigências de documentação. São documentos burocráticos, planilhas e informações mais detalhadas que os técnicos do BC analisam para instruir o pleito do BRB.

Apesar das resistências do diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do Banco Central, Renato Gomes, manifestadas desde o início do anúncio da operação, a leitura dos negociadores é que há apoio de outros diretores à autorização do negócio com a redução do perímetro.

Um negociador ouvido pela Folha tem o diagnóstico de que as resistências vêm diminuindo à medida que o BRB está ficando com uma parte menor da operação. Essa participação é compartilhada por representantes do sistema bancário que falaram à reportagem na condição de anonimato.

O BTG Pactual, um dos bancos resistentes no início do processo, já comprou alguns ativos do Master e terá uma nova oportunidade de fazer negócios via a parte do Master que não será comprada pelo BRB.

O banco Voiter, que faz parte do conglomerado do Master, ficará com Augusto Lima, um dos sócios de Vorcaro e CEO do Master. Já o Will Bank, pela proposta, ficaria com o BRB.

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