Bruxelas vai estocar minerais essenciais temendo a guerra

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Bruxelas diz que criará estoques de emergência de minerais essenciais e kits de reparo de cabos, à medida que aumentam as preocupações sobre a vulnerabilidade da União Europeia a ataques.

"A União Europeia enfrenta um cenário de risco cada vez mais complexo e em deterioração, marcado pelo aumento das tensões geopolíticas, incluindo conflitos, os crescentes impactos das mudanças climáticas, degradação ambiental e ameaças híbridas e cibernéticas", afirmou a Comissão Europeia em um rascunho de documento que determina uma estratégia de estocagem, ao qual o Financial Times teve acesso.

Os Estados-membros devem coordenar o fornecimento de alimentos, medicamentos e até mesmo combustível nuclear, afirmou o executivo da UE. Isso também aceleraria o trabalho sobre estoques em nível da UE de itens como módulos de reparo de cabos "para garantir a rápida recuperação de interrupções em cabos de energia ou ópticos" e commodities como terras raras e ímãs permanentes, que são cruciais para sistemas de energia e defesa.

Vários casos de potencial sabotagem a cabos de comunicação submarinos e gasodutos nos últimos anos têm causado preocupação quanto à vulnerabilidade de infraestruturas críticas.

A estratégia faz parte de um esforço mais amplo da UE para melhorar a segurança e a resiliência do bloco de 27 países. No mês passado, o general Carsten Breuer, chefe da defesa alemã, alertou que a Rússia poderia atacar um Estado-membro da UE nos próximos quatro anos.

O ambiente de maior risco foi impulsionado pelo "aumento da atividade de ativistas hackers, cibercriminosos e grupos patrocinados por Estados", afirma o documento.

A UE também é mais suscetível do que muitas outras regiões aos efeitos das mudanças climáticas, visto que o aquecimento global está duas vezes mais rápido que a média global. Incêndios florestais em Creta, na Grécia, forçaram 5.000 pessoas a evacuar a ilha esta semana.

Em um relatório encomendado pela UE em outubro, o ex-presidente finlandês Sauli Niinistö disse que a segurança deveria ser considerada um "bem público" e pediu um esforço de preparação.

Sobre a formação de estoques, ele afirmou que Bruxelas deveria "definir metas para garantir níveis mínimos de preparação em diferentes cenários de crise, inclusive em caso de agressão armada ou de interrupção em larga escala das cadeias de suprimentos globais."

Em março, a UE também aconselhou as famílias a estocarem suprimentos essenciais para sobreviver a pelo menos 72 horas de crise.

O bloco já mantém uma frota de aviões e helicópteros de combate a incêndios, um avião de evacuação médica e itens como hospitais de campanha e suprimentos médicos essenciais em 22 países da UE, como parte de seu esforço de resposta de emergência a desastres naturais.

Mas a comissão afirmou que estabeleceria uma "rede de estoques" para melhorar a coordenação entre os países da UE. Havia "um entendimento comum limitado sobre quais bens essenciais são necessários para a preparação para crises, tendo como pano de fundo um cenário de risco em rápida evolução", afirmou o documento.

Folha Mercado

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A comissão também começaria a compilar regularmente listas atualizadas de suprimentos essenciais, adaptadas a cada região e tipo de crise. Os estados-membros deveriam incentivar melhor o setor privado a ajudar no estoque, por exemplo, por meio de créditos fiscais, afirmou.

O bloco também deve trabalhar com aliados em "armazenamento compartilhado" e coordenar melhor o gerenciamento de recursos e infraestrutura de uso duplo com a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

A necessidade de investimento em estoques críticos também seria considerada nas propostas de um novo orçamento plurianual, que devem ser apresentadas no final deste mês.

O rascunho do documento deverá ser publicado na semana que vem e poderá sofrer alterações antes de sua apresentação.

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