Chevrolet fabricado na China tem preço popular e conquista mercado no México

12 horas atrás 2

O Chevrolet Aveo amarelo da motorista de aplicativo Patricia Gatica, 27, é pequeno o suficiente para andar pelas ruas congestionadas da Cidade do México e faz 48 milhas por galão (cerca de 20 quilômetros por litro).

Vendido por aproximadamente US$ 17 mil (R$ 94,9 mil), o compacto da GM (General Motors) é acessível. O segredo: é fabricado na China, onde custos mais baixos de mão de obra e de componentes permitem que as empresas produzam automóveis mais baratos.

"Quando o vi na rua, imediatamente me apaixonei", afirmou Gatica. "Não tem um porta-malas grande, mas é muito esportivo, o que eu gosto".

Nos EUA, o preço médio de um carro novo disparou para quase US$ 49 mil (R$ 273,5 mil), em comparação com cerca de US$ 32 mil (R$ 178,6 mil) no México, de acordo com a AMDA (associação de concessionárias de automóveis do México).

O governo de Donald Trump prometeu proteger as montadoras do país das importações chinesas com tarifas, mas isso não impediu que General Motors, Ford e Stellantis (dona das marcas Chrysler, Jeep e RAM) enviassem seus próprios carros fabricados na China para o México e outros mercados latino-americanos.

Cerca de 65% das vendas da GM no mercado mexicano cabem aos modelos chineses, totalizando 60,9 mil veículos no primeiro semestre do ano, segundo o Inegi (Instituto Nacional de Estatísticas do México).

No geral, a comercialização de carros do país asiático de todas as marcas representaram quase um quinto do total em 2024, superando os envios dos EUA, do Brasil, da Índia e do Japão.

O número provavelmente é ainda maior, já que marcas como BYD, Geely e Guangzhou Automobile Group não relatam seus dados ao Inegi.

O México se tornou o maior destino para carros chineses no mundo nos primeiros quatro meses do ano, tendo ultrapassado a Rússia, de acordo com a Associação Chinesa de Carros de Passageiros.

"A indústria automotiva chinesa tem uma capacidade de produção em escala superior à dos concorrentes em outras regiões, e isso lhes dá uma vantagem competitiva", comentou Guillermo Rosales, presidente da AMDA.

QUEDA DOS SUBCOMPACTOS

O Aveo foi vendido nos EUA de 2004 a 2011, estreando como um modelo econômico fabricado na Coreia do Sul pela ex-parceira Daewoo. A GM o substituiu pelo americano Chevrolet Sonic, mas este foi descontinuado em 2020. Outros compactos enfrentaram destinos semelhantes devido à diminuição da demanda e aos preços baixos da gasolina.

Isso aconteceu justamente quando os valores começaram a subir com o início da pandemia, a produção limitada de veículos e as pressões inflacionárias. Desde então, os aumentos médios são de quase 23%, de acordo com dados da Kelley Blue Book.

Enquanto isso, a GM relançou o nome Aveo no México, rebatizando um veículo fabricado em uma parceria com a Shanghai Automotive Industry Corp e a Wuling Motors Holding. Na China, o modelo foi o sucessor do Corsa Classic —que também teve produção no Brasil, saindo de linha em 2016.

As vendas de veículos chineses da GM no México aceleraram nos últimos oito anos, crescendo quase 200 vezes entre 2016 e 2024. Isso foi proporcionado, em parte, por um investimento de US$ 5 bilhões em 2015 da parceira estatal Saic, valor usado na criação de uma família de modelos compactos.

Por email, a montadora disse que oferece veículos com base nas preferências dos clientes e nas condições obtidas em vários locais, incluindo os EUA e a China.

A forte reputação da montadora no México transcende preocupações sobre onde seus carros são fabricados, disse Gabriela Juárez, 49, comerciante da Cidade do México que comprou um Aveo no ano passado com seu marido. "Preferimos a Chevrolet porque é uma marca bem conceituada."

Por anos, a GM trouxe para os EUA um modelo chinês chamado Buick Envision. Mas o ambiente para importações tornou-se mais difícil nos últimos anos.

O ex-presidente Joe Biden adicionou uma tarifa de 100% sobre veículos elétricos do país asiático. e proibiu a maioria dos carros com software desenvolvido no país asiático. Em seu segundo mandato, Trump ameaçou aumentar as tarifas sobre importações chinesas para até 145%.

Ao mesmo tempo, o México está sob pressão de políticos americanos e alguns membros da indústria automobilística para aumentar as barreiras às suas próprias importações, que já enfrentam tarifas de até 20%.

'VIERAM PARA FICAR'

Em meio à incerteza da política comercial, o conglomerado varejista mexicano Liverpool Mexico SA de CV cancelou seu contrato de distribuição com a BYD em junho, após vender um pouco menos de 10% do seu estoque no ano passado.

Alguns não estão preocupados com a possibilidade de os carros chineses perderem seu espaço no país. Eles observam que empresas como a BYD têm ofertas competitivas e financiamento, amenizando o impacto das tarifas. "Os veículos chineses que chegaram vieram para ficar", disse César Fragozo, vice-presidente executivo da Câmara da China no México.

Folha Mercado

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