O ativista palestino Owdeh Hathaleen, consultor do documentário vencedor do Oscar "Sem Chão" ("No Other Land", em inglês), foi baleado e morto por um colono israelense na Cisjordânia ocupada nesta segunda-feira (28), segundo afirmaram à agência Reuters cinco pessoas que disseram ter testemunhado o ataque.
O Exército israelense disse em um comunicado nesta terça-feira (29) que "terroristas atiraram pedras contra civis israelenses perto de Carmel", um assentamento israelense próximo à vila de Umm al-Khair.
Os militares afirmaram ainda que um civil armado então atirou contra aqueles que jogavam pedras, acrescentando que o Exército estava ciente de relatos de ferimentos contra indivíduos e havia transferido o incidente para a polícia.
Já polícia disse que iniciou uma investigação que estava nos "estágios iniciais" e que um israelense havia sido detido.
"Além disso, quatro palestinos foram presos por soldados do Exército por seu envolvimento no incidente, bem como dois turistas estrangeiros que estavam presentes no local", disse a polícia em um comunicado, que também confirmou a morte de um palestino, sem nomear a pessoa.
A imprensa pública palestina relatou que Hathaleen foi o homem morto.
Lá Fora
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Alaa Hathaleen, primo de Owdeh, filmou o incidente com seu telefone. Ele disse que seu primo "estava longe e não estava fazendo nada" quando foi baleado.
"Por que sempre temos que estar do lado perdedor, sentir esse tipo de dor diariamente, perder pessoas que amamos?", disse Alaa em uma entrevista à Reuters.
O vídeo mostra uma discussão acalorada entre um grupo de homens gritando em árabe e um homem segurando uma arma. O portador da arma então dispara para o ar e em direção à multidão. Gritos são ouvidos e pessoas podem ser vistas correndo.
A Reuters conseguiu confirmar a localização do vídeo pelos edifícios, estrutura da torre ao fundo, e layout da estrada e da vila, que correspondiam a imagens de arquivo e de satélite da área. A data não pôde ser verificada.
O longa sobre a expulsão de palestinos de vilarejos no sul da Cisjordânia levou dois prêmios no Festival de Berlim do ano passado, nas categorias de público e documentário, e ganhou láureas no Spirit e no Gotham Awards e na Mostra de Cinema em São Paulo.
Em março, o codiretor do documentário, Hamdan Ballal, foi espancado por um grupo de colonos na região de Masafer Yatta, na Cisjordânia. Em seguida, soldados israelenses teriam sequestrado a ambulância requisitada pelo palestino e o levado para um lugar desconhecido. Ele foi liberado em seguida.
Grupos de direitos humanos dizem que a violência dos colonos na Cisjordânia aumentou desde o início da guerra de Israel contra o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza.
Dezenas de israelenses também foram mortos em ataques de rua por palestinos nos últimos anos na Cisjordânia, e os militares israelenses intensificaram as incursões em todo o território ocupado.
Cerca de 700 mil colonos israelenses vivem entre 2,7 milhões de palestinos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, territórios que Israel capturou da Jordânia na guerra de 1967, que os palestinos veem como parte de um futuro Estado.