Filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) disse nesta quarta-feira (16) ter selado a paz com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
"Tive uma boa e longa conversa agora com o governador. De lado a lado foram expostos pontos de vistas e a conclusão de que ambos atuam na melhor das intenções do interesse dos brasileiros", afirmou Eduardo.
"Visões de mundo diferentes são normais e saudáveis, bem como esta comunicação direta. Vamos adiante debater o que interessa", completou em suas redes sociais.
Nos últimos dias, Eduardo fez repetidas críticas a Tarcísio.
"Se você estivesse olhando para qualquer parte da nossa indústria ou comércio, estaria defendendo o fim do regime de exceção que irá destruir a economia brasileira e nossas liberdades. Mas como, para você, a subserviência servil as elites é sinônimo de defender os interesses nacionais, não espero que entenda", disse na terça-feira (15).
Tanto Eduardo como Tarcísio são cotados para a disputa presidencial do ano que vem pelo campo bolsonarista, já que o ex-presidente está inelegível ao menos até 2030 e pode ser condenado e preso ainda neste ano em julgamento no STF sobre a trama golpista de 2022 para impedir a posse de Lula (PT).
Na segunda-feira (14), em entrevista à Folha, Eduardo disse que Tarcísio errou ao tentar negociar uma saída para as tarifas de 50% com a Embaixada dos Estados Unidos. "É um desrespeito comigo", disse.
"Nós já provamos que somos mais efetivos até do que o próprio Itamaraty. O filho do presidente, exilado nos Estados Unidos. Queria buscar uma alternativa lateral. É um desrespeito comigo. Mas eu não estou buscando convencimento da população, eu estou buscando pressionar o Moraes."
Cotado como candidato a presidente no ano que vem, Tarcísio buscou minimizar o desgaste diante da crise do tarifaço anunciado por Donald Trump e, na semana passada, fez uma rodada de conversas que passou por Bolsonaro, por ministros do STF e pelo chefe da embaixada dos Estados Unidos no Brasil.
O governo Lula tem associado as consequências econômicas do tarifaço à oposição, inclusive a Tarcísio, aliado de Bolsonaro.
Mais cedo nesta quarta-feira os presidentes do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), falaram em defender a soberania brasileira em reação ao tarifaço anunciado por Trump.
Em reunião com o vice-presidente da República e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, e a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, Alcolumbre e Motta colocaram o Congresso Nacional à disposição do governo Lula e disseram que a reação deve ser liderada pelo Executivo.
A declaração da cúpula do Congresso aprofunda o isolamento político de Jair Bolsonaro (PL) e seus filhos Eduardo e Flávio. Governadores de direita que enalteceram Trump e atacaram Lula em um primeiro momento mudaram o discurso, agora admitindo o impacto da sobretaxa e buscando saídas diplomáticas.
Pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (16) mostra que 72% dos brasileiros afirmam ser um erro de Trump impor tarifas ao Brasil por causa do ex-presidente Bolsonaro e, ao mesmo tempo, 53% dizem que o presidente Lula está certo ao reagir com reciprocidade.