O CEO da Intel, Lip-Bu Tan, avançou com a reestruturação da fabricante de chips e anunciou nesta quinta-feira (24) a demissão de 15% dos funcionários e o recuo de projetos de manufatura na Europa.
Em crise, a empresa americana divulgou receita e projeções melhores do que o esperado, mas ainda sofreu um prejuízo de US$ 2,9 bilhões no segundo trimestre, que atribuiu a custos pontuais do plano de recuperação.
Em um memorando aos funcionários, o CEO disse que a empresa estava abandonando projetos de fabricação na Alemanha e na Polônia, que haviam sido pausados em setembro, além de desacelerar a construção de fábrica em Ohio para lidar com as perdas em seu negócio de produção de chips.
Tan, que assumiu o comando da Intel em março após o conselho demitir seu antecessor Pat Gelsinger em dezembro, disse aos funcionários que os últimos meses "não foram fáceis" enquanto ele avançava com a redução da força de trabalho da empresa em 15%.
A receita do segundo trimestre permaneceu estável em relação ao ano anterior, em US$ 12,9 bilhões, bem acima das expectativas de Wall Street de US$ 11,9 bilhões.
A empresa com sede em Santa Clara, Califórnia, também forneceu uma previsão de receita melhor do que a esperada, entre US$ 12,6 bilhões e US$ 13,6 bilhões para o terceiro trimestre, em comparação com as estimativas dos analistas de US$ 12,6 bilhões.
O diretor financeiro David Zinsner disse que o aumento da receita provavelmente se deveu, em parte, aos clientes anteciparem pedidos no incerto ambiente de tarifas dos EUA, embora tenha dito que era "difícil quantificar".
A empresa reportou uma perda de US$ 0,67 por ação, com seu lucro líquido caindo 81% em relação ao ano anterior.
Folha Mercado
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Tan disse que quer estimular uma "mudança cultural", prometendo reduzir a burocracia e o caros intermediários que têm limitado a capacidade de inovação da empresa que já dominou o mercado de semicondutores.
Mas ele tem evitado medidas mais drásticas, como uma potencial venda do negócio de fabricação de chips da Intel, que teve prejuízo d bilhões de dólares enquanto luta para competir com a TSMC de Taiwan.
No memorando, Tan disse que a Intel adotaria uma "abordagem fundamentalmente diferente" para seu negócio de fundição, que havia sido "desnecessariamente fragmentado e subutilizado".
John Pitzer, vice-presidente de relações com investidores, disse que o recuo da fabricação no exterior significava que a empresa estava "concentrando mais de nossos gastos de capital nos EUA", com o grupo "totalmente alinhado" com a agenda do presidente Donald Trump de reconstruir a manufatura americana.
Ele acrescentou que a Intel estava no caminho certo para concluir seus planos de reestruturação até o final do ano.
A Intel está tentando se estabelecer como uma fabricante de chips para rivalizar com a TSMC, enquanto avança além de seus processadores principais para notebooks para competir com a líder de mercado Nvidia no design de chips de inteligência artificial.
Seu status como grande fabricante de chips em solo americano, reduzindo a dependência de empresas baseadas em Taiwan, fez com que ela se tornasse uma das maiores beneficiárias de um programa federal de subsídios do governo Joe Biden.
A Intel disse que está no caminho certo para lançar a produção em grande volume usando sua nova tecnologia de fabricação, conhecida como 18A, neste ano —o que é visto como um indicador de sua capacidade de permanecer competitiva na fabricação de chips de ponta.
Mas em um documento apresentado à SEC, Comissão de Valores Mobiliários dos EUA, nesta quinta-feira, a empresa alertou que poderia ser forçada a abandonar o desenvolvimento de sua tecnologia de fabricação de próxima geração, conhecida como 14A, se não conseguisse garantir um "cliente externo significativo".
"Só investirei quando estiver confiante de que esses retornos existem", disse Tan em uma teleconferência com analistas.
As ações caíram 4,6% nas negociações após o fechamento do mercado nesta quinta-feira, depois de fecharem 3,7% mais baixas.
As ações da Intel subiram cerca de 13% desde o início do ano —em parte graças à posse de um novo CEO— mas ainda tiveram queda de quase 30% nos últimos 12 meses após grandes perdas em 2024.