Embalagem reciclada não é determinante para consumidor escolher produto, diz pesquisa

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Pesquisa do Sindiplast (Sindicato da Indústria do Material Plástico do Estado de São Paulo), encomendada à Nexus, mostra que 75% dos brasileiros afirmam separar o lixo em casa para reciclagem. Um percentual ainda maior (87%) acredita que as embalagens plásticas causam um impacto negativo ao meio ambiente se descartadas de forma incorreta.

Mas só 22% escolhem sempre pela compra de um produto com embalagem reciclada. Esta é a opção de 34% "na maioria das vezes", enquanto 20% escolhem a embalagem reciclada "na minoria das vezes" e outros 20% nunca o fazem. O levantamento foi feito em março, por telefone, com 2.009 pessoas a partir de 16 anos, nos 26 estados e Distrito Federal. A margem de erro é de dois pontos percentuais, com intervalo de confiança de 95%.

Para diminuir o descompasso entre a percepção do impacto ambiental e as escolhas do dia a dia do consumidor, o governo federal prepara um decreto que vai tornar obrigatório o uso de materiais reciclados na fabricação de plásticos. A ação, coordenada entre o MMA (Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima) e o MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) e que integra a Política Nacional de Resíduos Sólidos, está sendo aguardada ansiosamente pelo setor.

"As recicladoras fizeram muitos investimentos nos últimos anos, acreditando na mudança de tipo de embalagem", diz Paulo Teixeira, presidente do Sindiplast e da Abiplast (Associação Brasileira da Indústria do Plástico), referindo-se às empresas que transformam resíduos plásticos em novos materiais ou produtos. Mas a pressão inflacionária, a partir da pandemia, fez com que as fabricantes de itens de consumo reduzissem custos e a migração por uma embalagem mais sustentável deixasse de ser uma prioridade, diz ele.

"Hoje as recicladoras trabalham com um nível de ociosidade de pelo menos 40%", diz. As recicladoras compram os resíduos das cooperativas de reciclagem e os transformam em resina reciclada, que será utilizada pela indústria.

Com faturamento de R$ 123 bilhões em 2024, a indústria do plástico produz 7,4 milhões de toneladas ao ano no Brasil. Entre 30% e 40% desse total se refere ao plástico de "vida curta", que compõem em geral as embalagens. No país, apenas 24% do plástico de vida curta é reciclado.

"A humanidade vai consumir cada vez mais plástico, é preciso reforçar a circularidade do material", diz Teixeira, ressaltando que a indústria atende grandes empresas de bens de consumo. "São os fabricantes que determinam se vão usar embalagens recicladas ou não, é uma decisão das marcas, não da indústria do plástico". De acordo com o executivo, dos 24% de plásticos que voltam à indústria reciclados, há usos diversos, como para fabricação de display para gôndolas.

"Temos um projeto-piloto com o Senai [Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial] para a fabricação de móveis", diz ele, que não sabe afirmar quanto volta para a própria indústria de bens de consumo como embalagem.

Na opinião do executivo, existe um certo preconceito do consumidor ao relacionar um produto reciclado como sendo de menor qualidade. "Garrafas pet feitas de material reciclado, por exemplo, são mais fáceis de serem torcidas e voltarem ao ciclo produtivo", afirma.

A pesquisa encomendada pelo Sindiplast apontou que a falta de informação é o principal obstáculo para a adoção de práticas sustentáveis (resposta de 28%), seguida pela falta de opção de coleta seletiva e acesso a locais de descarte (17%) e falta de tempo (9%). Para 7%, falta apoio do poder público.

Mas o levantamento também deixou explícita certa desconfiança do consumidor em relação ao uso de plástico como melhor opção para embalar alimentos: apenas 18% concordam totalmente que esse tipo de recipiente ajuda a manter a qualidade dos produtos, evitando o desperdício de alimentos e contribuindo com a saúde das pessoas. Entre os entrevistados, 20% discordam totalmente dessa ideia e outros 15% discordam em partes.

Folha Mercado

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