Em meio ao aumento das discussões sobre transição energética, houve um "boom" de fusões e aquisições entre empresas de energia e recursos naturais nos últimos cinco anos e, hoje, esses setores são responsáveis pela maioria das movimentações no país.
Segundo levantamento da assessoria financeira Seneca Evercore, com base em dados da MergerMarket, a participação desses setores no total das fusões e aquisições no Brasil saltou de 9%, em 2020, para 44%, em 2024, em volume de operações. Somente no primeiro semestre deste ano, atingiu a fatia de 59,7%.
Com relação aos valores transacionados, o maior M&A deste ano foi a compra pela Suzano de 51% de participação em uma operação da Kimberly Clark. O negócio envolve 22 fábricas de papéis sanitários no mundo e movimentou US$ 1,7 bilhão.
Em segundo lugar está a venda pela EDP Brasil de uma linha de transmissão para um fundo da gestora internacional Actis, por US$ 524 milhões.
Vários motivos explicam essa alta. Entre eles estão a diversificação de fontes de energia (ainda muito concentrada no petróleo), a preocupação com o meio ambiente e a resiliência do setor de energia à situação macroeconômica.
Com preços regulados ou mais dependentes das oscilações no exterior, as empresas de energia e recursos naturais sofrem menos com as condições internas de juros e inflação.
"São setores menos expostos às flutuações do mercado doméstico e às incertezas políticas e econômicas do país", diz Daniel Wainstein, sócio-fundador da Seneca Evercore.
O valor transacionado em fusões e aquisições no Brasil registrou avanço de 40% entre janeiro e junho deste ano na comparação com o mesmo período de 2024. Apenas em maio esse mercado movimentou US$ 12,42 bilhões, sendo este o melhor mês desde fevereiro de 2021.
Com Stéfanie Rigamonti