Erros e acertos no Supermundial de clubes

3 semanas atrás 14

O primeiro Mundial de Clubes realizado pela Fifa com 32 participantes (também chamado de Copa do Mundo e de Supermundial) está na metade das oitavas de final, a primeira etapa dos mata-matas.

Dois brasileiros continuam vivos (Palmeiras e Fluminense), dois morreram (Botafogo e Flamengo).

Vejo mais acertos do que erros nesta primeira edição inchada, que segue a (ótima) fórmula utilizada de 1998 a 2022 para a Copa do Mundo de seleções. A partir de 2026, serão 48 países, um exagero que levará ao torneio que existe desde 1930 mais equipes de menor nível técnico.

A atração mais chamativa do Supermundial nos EUA é a microcâmera que cada árbitro utiliza, na altura da orelha, acoplada ao aparelho de comunicação. Um acerto.

Ela mostra uma visão do lance (a do juiz) à qual não estamos acostumados, de gols marcados e de faltas cometidas, entre outros instantes da partida. É diferente, tem um toque de videogame. Porém poderia ser mais frequente seu uso por quem cuida dos replays –são raras as vezes na transmissão que a função é ativada.

Falando em transmissão, li que a audiência da Copa do Mundo tem sido boa no Brasil, mas nem tanto em outras praças.

Não "pegou" entre europeus e estadunidenses, e esse é um desafio para os departamentos de marketing e divulgação da Fifa para a próxima edição, daqui a quatro anos.

Aliás, percebi algo desagradável ao ver os jogos na Globo. Mais até para o narrador ou comentarista do que para o espectador. Sem nenhum aviso, subitamente, a tela é dividida e entra a propaganda de uma bet, por alguns segundos.

Quem fala é interrompido no meio da frase, um desrespeito. É questão comercial, mas podiam combinar o momento da interrupção. Ter algum bom senso.

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Bom senso que deverá ser empregado no futuro ao descartar a inovação implementada na entrada dos jogadores em campo. Ao estilo NBA (basquete) e competições de atletismo, os atletas são anunciados, nome a nome.

Na NBA, há um espetáculo de luzes, e o locutor da arena capricha na entonação para incensar os jogadores do time mandante. O público se envolve.

No atletismo, os competidores fazem seu show: batem no peito, dançam, pulam, gritam, entre caras e bocas. O público se envolve.

No Supermundial de futebol, não há nada disso. Está sem graça. É uma tentativa que falhou.

Outra ideia, não inédita, posta em prática na Copa nos EUA é a parada para refresco/hidratação ("cooling break"), aos 30 minutos do primeiro e do segundo tempo, quando a situação climática exige.

Não é bom para a dinâmica da partida (a interrupção é de até três minutos), mas faz-se necessária devido às altíssimas temperaturas (acima de 30°C) do verão norte-americano.

Os jogadores agradecem, e os treinadores aproveitam para passar-lhes novas orientações ou reforçar as dadas antes.

Ainda no quesito interrupção, até agora o famigerado VAR (árbitro assistente de vídeo) tem estado discreto, quase imperceptível, no Supermundial. Muito devido ao sistema de impedimento semiautomático, que é recente.

Com ele, nada mais de serem traçadas, minutos a fio, as linhas (a dificuldade com elas é tremenda) para tentar concluir a regularidade ou não da jogada. Precisa ser assim sempre, em todo campeonato.

Retornando às condições climáticas, seis jogos foram paralisados, em diferentes cidades, devido a alertas de tempestades, que poderiam colocar em risco os presentes em cada estádio.

É um protocolo, e é um problemão. As paradas são longas, de meia hora para (bem) mais. Benfica x Auckland, em Orlando, recomeçou depois de cerca de duas horas, uma eternidade.

E para a eternidade ficará a música-tema na Copa do Mundo.

Tocada na abertura e no encerramento de todas as transmissões, "Freed from Desire" (Livre do Desejo), lançada há quase 30 anos pela italiana Gala Rizzatto (e cuja letra não nada a ver com futebol), estará na minha cabeça até o fim da vida: na-na-na-na-na-na-na, na-na-na, na-na.

Felizmente para mim, o na-na-na agrada.

Este texto é possivelmente o último que escrevo sobre o Supermundial antes do fim dele. Uma viagem ao exterior marcada há bastante tempo provavelmente, devido à programação das atividades e ao fuso horário, me impedirá de acompanhar as partidas. Se você puder, aproveite a reta final. É um torneio histórico.

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