Ex-funcionário da C&M software preso por ataque hacker de R$ 1 bi foi vítima, diz advogado

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técnico de TI João Nazareno Roque, 48, também foi vítima no ataque cibernético à empresa de software C&M, disse nesta segunda-feira (7) seu advogado, Jonas Reis.

Segundo Polícia Civil de São Paulo, que investiga o caso, Roque disse ter recebido R$ 15 mil para ceder credenciais da companhia em que trabalhava e executar códigos enviados pela quadrilha responsável pela fraude —os códigos facilitaram o acesso às contas pelo grupo criminoso.

A ação deixou um rombo de cerca de R$ 1 bilhão em oito instituições financeiras. A polícia disse que o ex-funcionário relatou, durante confissão assinada na quinta-feira (3), haver ao menos quatro homens envolvidos, ainda não identificados.

O prazo da prisão temporária determinada pela Justiça de São Paulo se encerra nesta segunda-feira. A polícia pode pedir extensão do período por mais cinco dias.

"A defesa não acredita em renovação, sendo que Roque também foi vítima", disse Reis.

"As informações colhidas até o momento demonstram que ele pode ter sido corrompido e manipulado por terceiro ainda não identificado, que se valeu de aparente autoridade para induzi-lo a colaborar com atos
cuja natureza criminosa não lhe era clara", acrescentou. O ex-funcionário da C&M será ouvido mais uma vez pelas autoridades às 14h30 desta segunda.

O advogado afirma que Roque prestou todos os esclarecimentos necessários às autoridades competentes, após ser preso na última quinta. "Sua conduta foi pautada pela colaboração, transparência e respeito à legalidade, inclusive franqueando o acesso a seus dispositivos eletrônicos e residência."

Roque se apresentava nas redes como desenvolvedor back-end júnior, profissional que planeja, programa, testa e realiza a manutenção da infraestrutura de códigos que fazem a interação entre um site, o servidor e o banco de dados. Na prática, é quem garante a eficiência e segurança do sistema.

Folha Mercado

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Segundo o delegado responsável pela investigação, Renato Topan, o funcionário detido tem renda declarada de R$ 2.500 e estava desde 2022 na C&M, empresa que faz a comunicação entre instituições financeiras e o sistema Pix.

Em nota, a companhia disse que o demitiu logo após a apuração inicial dos fatos. "A decisão foi tomada com base nos elementos técnicos coletados, de forma criteriosa e alinhada aos procedimentos internos da companhia."

Segundo a polícia, Roque mora no conjunto habitacional City Jaraguá, em Pirituba, região noroeste de São Paulo, onde foi preso.

De acordo com as investigações, a oferta dos R$ 15 mil foi feita em março, após Roque ter sido abordado por um homem que queria "conhecer o sistema" dos bancos.

À polícia, Roque se disse seduzido pela proposta dos hackers e afirmou que não sabia o que iria acontecer após fornecer senha e login de acesso aos golpistas.

Seu advogado afirma que Roque não possui antecedentes criminais. "É profissional da área de tecnologia, pai de família e sempre exerceu suas funções com responsabilidade e boa-fé."

"Esta defesa repudia qualquer forma de exposição indevida da imagem de João Nazareno Roque, especialmente em veículos de comunicação que, por sua relevância, devem observar rigorosamente os princípios da presunção de inocência e da imparcialidade", finalizou Reis.

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