De volta ao São Paulo após quatro anos desde a primeira passagem, quando tirou o clube de uma fila de títulos com a conquista do Campeonato Paulista de 2021, o treinador argentino Hernán Crespo afirmou que tem como principal tarefa neste momento tirar o time da incômoda situação em que se encontra no Campeonato Brasileiro.
O tricolor é o 14º na tabela de classificação, com somente duas vitórias em 12 rodadas disputadas e a apenas um ponto de distância do Internacional, o primeiro na zona de rebaixamento.
"A urgência é o Brasileirão", afirmou Crespo em sua apresentação na manhã fria desta terça-feira (24) no Morumbi. O São Paulo também está nas oitavas de final da Copa Libertadores e da Copa do Brasil, tendo pela frente o Atlético Nacional, da Colômbia, e o Athletico-PR, respectivamente.
O primeiro compromisso do novo treinador, que chega para substituir o conterrâneo Luis Zubeldía, deve ser apenas na segunda quinzena de julho. A princípio, o São Paulo enfrentaria o Flamengo no dia 12, no Maracanã, mas a data ainda não está confirmada pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol), no aguardo do desempenho do rubro-negro na Copa do Mundo de Clubes.
O time de Filipe Luís já está com lugar confirmado nas oitavas de final da Copa, no aguardo da definição do próximo adversário que vem de um grupo com Boca Juniors, Bayern de Munique e Benfica. Palmeiras e Botafogo também já estão garantidos e fazem o confronto brasileiro no mata-mata. Já o Fluminense entra em campo nesta quarta-feira (25) contra o Mamelodi Sundowns, da África do Sul, também de olho em uma vaga na próxima fase.
Um dos principais atacantes de sua geração na Argentina, com passagens por Internazionale, Milan e Chelsea, Crespo afirmou que o Brasileiro é um dos campeonatos mais difíceis do mundo e que, por isso, não está surpreso com a performance dos times brasileiros nos Estados Unidos.
"O Campeonato Brasileiro, se não é o mais difícil do mundo, está muito perto disso, porque não há partida fácil, seja fora ou dentro de casa", afirmou. "Foi demonstrado na Copa do Mundo de Clubes, que [o futebol brasileiro] é muito competitivo […] A mim, realmente, a situação hoje não me surpreende. A qualidade do futebol brasileiro a nível mundial, a nível de clubes", acrescentou o treinador.
Tendo desembarcado na véspera na capital paulista, Crespo preferiu não adiantar ainda qual será o esquema tático a ser adotado e tampouco quis entrar em detalhes a respeito das características dos principais jogadores. Mas ressaltou que quer um time com identidade e com um DNA ofensivo que é a marca de seu trabalho.
"O primeiro a se fazer é tratar de competir e tentar colocar uma identidade à equipe", afirmou em espanhol —ele disse que preferia ainda falar por enquanto apenas na língua nativa, em vez de arriscar-se no português como no fim de sua primeira passagem, para conseguir expressar exatamente as ideias que gostaria de transmitir à torcida.
Ao recordar da vitoriosa carreira como jogador, tendo formado a dupla de ataque ao lado de nomes como Drogba e Shevchenko, Crespo ressaltou que, independentemente de variações posicionais e táticas dentro de campo durante as partidas, o que considera mais importante é manter o foco de todo o grupo em busca dos resultados.
"Os jogadores com quem joguei tinham características diferentes, e às vezes jogava mais adiantado ou mais recuado, mas uma coisa que não mudava era minha fome de fazer gols", afirmou Crespo. "O time pode jogar no 4-4-2, no 3-5-2, mas a identidade de querer ganhar a partida, ser ofensivo, gerar situações, isso não vai mudar."
Com nomes importantes do elenco fora de ação por lesões e sem dinheiro em caixa para trazer reforços de peso, o treinador disse ainda que os jovens da base de Cotia poderão novamente agregar ao elenco nas principais competições, assim como em sua primeira passagem pelo clube, quando deu oportunidade a nomes como Rodrigo Nestor, Gabriel Sara e Liziero. "Se o jogador tem 38 ou 18 anos, pessoalmente, é exatamente o mesmo. Quem merece jogar, vai jogar."
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