Um dos protagonistas da mais recente crise envolvendo o governo Lula, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), defendeu que a divergência entre Poderes é natural em uma democracia e que ter harmonia não obriga um a concordar com tudo que o outro faz.
As declarações foram feitas em evento realizado pela Esfera Brasil em Lisboa nesta terça-feira (1º) e estarão no EsferaCast, videocast do grupo com entrevistas a autoridades e empresários.
Na conversa, Motta não cita especificamente a crise provocada após o Congresso derrubar os decretos que aumentavam o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). A decisão foi judicializada pelo governo Lula, em medida defendida pelo próprio presidente nesta quarta-feira (2).
O presidente da Câmara afirma no videocast que, desde que assumiu o comando da Casa, tem procurado agir "com muito equilíbrio, com muita cautela" e tocar uma agenda de convergência com o país. Motta elogiou a relação com o Senado, presidido por Davi Alcolumbre (União-AP) e a qualificou como muito frutífera.
Também ressalta que o relacionamento com outros Poderes tem sido de muito diálogo e de respeito, porém de independência, "como rege a nossa Constituição". "Nós temos procurado, com essa independência, poder manter uma convivência harmônica, porque quem ganha com isso é o país", diz Motta. "Mas ter harmonia não se obriga que um Poder concorde com tudo que o outro faça. Há divergência, há discussão, há discordância, e isso é natural da democracia.
"Até porque nós temos um regime que permite a todos expressarem o seu desejo, a sua opinião acerca desses assuntos. E assim o é com os Poderes", continua. "E, nessa construção, nós temos procurado com bastante diálogo, com bastante capacidade de encontrar convergência, poder ter uma agenda positiva, uma agenda producente para o nosso país."
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