O que esperar de um badalado restaurante cujo chef (e dono do negócio) ainda não chegou aos 30 anos? Na melhor das hipóteses, ousadia. Na pior, uma casa com pratos preparados por alguém que, por mais talentoso que seja, ainda não tem muita experiência.
O Koral se encaixa na primeira opção. É ousado em seu cardápio ao fazer um mix de opções cruas e na brasa, com influências brasileiras, nórdicas, asiáticas. Ousadia, no entanto, nem sempre é sinônimo de boas execuções.
Em três visitas ao restaurante, as experiências oscilaram, com entradas e sobremesas como destaques positivos.
À frente da empreitada está Pedro Coronha, 28 anos. Ele estagiou no Noma (sim, o Noma), passou pelo também premiado Eleven, em Lisboa, e testou suas habilidades no Mäska, no mesmo bairro carioca. É um jovem com currículo de respeito, que se sente à vontade para fazer seus experimentos no Koral.
A casa se define no Instagram como "casual de brasa e mar". Casual ela não é muito, não: os preços por vezes são um tanto elevados (prato individual de costela com arroz frito de legumes, ovo e maionese kewpie a R$ 182, e por aí vai). Mas da combinação de frutos do mar e forno a lenha podem sair boas pedidas.
Entre as sete opções de aperitivos sobressaíram-se o snack de salada de camarão com tartelete de massa filo e creme de avocado na brasa (R$ 38) —mais que crocantes, os tarteletes estavam estaladiços, como se diz em Portugal. Também leve e refrescante, o tartare de peixe no brioche (R$ 32) precedeu a única opção infeliz dessa primeira fase: guiozas de porco com abacaxi, legumes e ponzu (R$ 29). De apresentação menos caprichada e excessivamente salgados, dão sede só de lembrar.
A carne de porco parece ser ainda um desafio para o Koral, já que, nos principais, a barriga à pururuca com salada de batata oriental e purê de maçã na brasa (R$ 89) foi o que mais deixou a desejar. Parte da pele estava gelatinosa, e é um pouco embaraçoso ter que tirar um pedacinho da boca e deixá-lo no canto do prato.
Todas essas experiências foram no jantar, quando outra opção de principal foi o tonno crudo com spaghettini ao pesto, straciatella e manjericão (R$ 98). Bem bom. O molho foi ganhando um toque aveludado conforme o queijo derretia e se incorporava ao pesto, e o atum era claramente fresco. Fez bonito, assim como o steak tartare defumado com molho de ostra e fritas (R$ 69).
O Koral vale mais a pena no almoço, em seu menu-executivo. Tome-se como exemplo o brisket braseado com polenta cremosa e vinagrete de milho tostado (R$ 89). Ele inclui como entrada focaccia com manteiga de limão- siciliano e, para fechar, uma excelente cocada assada com sorvete de queijo —atenção, pode já pode ter saído do cardápio, que varia com frequência. Também estava acima da média o choux com sorvete de framboesa e recheio de creme de frutas vermelhas (R$ 38), servido à parte, a qualquer hora.
De tirar o chapéu foram os singelos croquetes de carne de panela, opção de entrada no executivo daquele dia. É preciso pagar R$ 12 a mais para substituir a focaccia por eles, mas é justo. São como têm que ser: crocantes por fora, com a carne bem temperada, desfiando, por dentro. Sem ousadia e com muito sabor.