O Olympique Lyonnais, mais conhecido como Lyon, foi rebaixado à segunda divisão francesa pelo órgão responsável pelo controle da gestão dos clubes de futebol profissional na França. A decisão foi anunciada no final da tarde desta terça-feira (24). O acionista majoritário da equipe é o americano John Textor, que também controla o Botafogo.
O motivo é a falta de garantias financeiras para superar o endividamento. Em dezembro, a dívida do clube era calculada em € 540 milhões (cerca de R$ 3,5 bilhões).
Textor participou em Paris da audiência da Direção Nacional de Controle de Gestão (DNCG), órgão responsável pela avaliação da saúde financeira dos clubes. Ainda não havia se manifestado nos minutos seguintes ao anúncio da punição. Ele havia prometido garantias de que o clube receberia investimentos suficientes para se manter financeiramente na próxima temporada.
Textor assumiu o controle do Lyon em 2022, mesmo ano em que comprou a SAF (Sociedade Anônima do Futebol) do Botafogo.
O Lyon contava com a classificação para a Champions League da próxima temporada para aliviar a crise financeira. Para isso era preciso ficar entre os três primeiros da liga francesa, para garantir vaga direta, ou em quarto lugar, para entrar na fase preliminar. Mas terminou em sexto lugar, suficiente apenas para disputar a Europa League, segunda copa de clubes europeia em importância.
No início do mês, o clube vendeu sua maior revelação, o meia-atacante Rayan Cherki, ao Manchester City, da Inglaterra, por um valor estimado em € 42,5 milhões (cerca de R$ 270 milhões). Nem isso comoveu a DNCG.
Um dos clubes mais tradicionais da França, o Olympique Lyonnais foi sete vezes campeão nacional, todas elas entre 2001-02 e 2007-08, período em que seu grande ídolo foi o meio-campista brasileiro Juninho Pernambucano. No entanto, nos últimos anos, com a ascensão do Paris Saint-Germain, financiada por capital do Qatar, o OL, como é conhecido pelos franceses, teve dificuldade para se manter no topo.
Em nota, o Olympique Lyonnais qualificou a decisão como "incompreensível" e confirmou que irá recorrer.
No final do ano passado, Textor havia prometido injetar € 175 milhões (cerca de R$ 1,1 bilhão) no Lyon, com aporte de acionistas e negociação de jogadores. Também havia o compromisso de reduzir a folha salarial anual em cerca de 40%, para € 74 milhões anuais (cerca de R$ 470 milhões).
Não se sabe ainda que impacto a decisão pode ter sobre o Botafogo. Em tese, Textor poderia privilegiar investimentos no Lyon. Em janeiro, o clube carioca emprestou gratuitamente ao francês uma das estrelas da conquista do Brasileirão e da Libertadores de 2024, o meia argentino Thiago Almada.
Na segunda (23), havia sido anunciada a venda dos 45% que a Eagle Football, holding de Textor, detinha em outro clube, o Crystal Palace, da Inglaterra. O comprador, por € 200 milhões (cerca de R$ 1,3 bilhão), foi o empresário americano Woody Johnson, dono de um time de futebol americano, o New York Jets.
A DNCG puniu diversos clubes franceses nos últimos anos. Em crise financeira, outro time tradicional, o Bordeaux, foi rebaixado pela entidade para a segunda divisão, em 2022, e depois para a quarta divisão, em 2024.
Na reunião desta terça, o Nîmes, que em 2021 estava na primeira divisão e disputou a última temporada na quarta divisão, foi excluído de todas as competições nacionais. O Ajaccio foi rebaixado da segunda para a terceira divisão.