Mais de 250 cientistas de 27 países cobram Lula por ações na COP30

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Mais de 250 cientistas de 27 países assinaram uma carta na qual pedem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que lidere uma transição energética justa, que leve ao fim do uso dos combustíveis fósseis.

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A carta, entregue nesta quarta-feira (18) ao presidente da COP30 (30ª conferência das Nações Unidas sobre o clima), o embaixador André Corrêa do Lago, em Bonn, na Alemanha, pede que Lula "seja o líder climático que o mundo precisa".

Os cientistas também pedem que o mandatário torne o fim dos combustíveis fósseis uma prioridade da cúpula climática, que acontece em novembro, em Belém.

O texto ressalta que a ciência aponta claramente que a queima de combustíveis fósseis está impulsionando as mudanças climáticas e seus impactos nas vidas e meios de subsistência de pessoas em todo o mundo.

"Esses impactos climáticos irão apagar décadas de progresso no desenvolvimento e tornarão mais difícil, se não impossível, reduzir as desigualdades, aliviar a pobreza e acabar com a fome. Acreditamos que compartilhamos esses objetivos com você", diz o documento direcionado a Lula.

Assinam a carta pesquisadores brasileiros de destaque dedicados à ciência do clima, como Paulo Artaxo, Carlos Nobre, José Marengo e Mercedes Bustamante. Cientistas estrangeiros com projeção na área, como a climatologista alemã Friederike Otto, também têm o nome listado. O documento foi entregue ao presidente da COP30 pelo físico climático Bill Hare.

"A eliminação dos fósseis é a ação climática mais urgente e essencial que o mundo precisa tomar. Se o Brasil não conseguir avançar nessa agenda, a história não será generosa com sua presidência da COP30", disse Hare, em nota à imprensa.

Bonn recebe nesta semana as Reuniões Climáticas de Junho, encontro diplomático e preparatório para as conferências do clima da ONU.

Na carta, os cientistas lembram que este ano marca o décimo aniversário do Acordo de Paris, tratado internacional que tem o objetivo de limitar o aumento da temperatura média global a 1,5°C em relação ao período pré-industrial.

"O mundo agora excedeu 1,5°C de aquecimento em um único ano pela primeira vez na história. Estamos experimentando impactos climáticos crescentes em todos os continentes —desde ondas de calor e megaincêndios até inundações devastadoras, falhas nas colheitas e deslocamentos causados pelo clima. Esses eventos estão prejudicando desproporcionalmente aqueles que são menos responsáveis pelas mudanças climáticas. A causa predominante é nossa contínua dependência dos combustíveis fósseis", diz o texto.

Um dia antes da entrega da carta, porém, na terça-feira (17), a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) concedeu novas áreas para exploração de petróleo durante um leilão realizado no Rio de Janeiro —19 dessas áreas estão localizadas na bacia Foz do Amazonas.

A exploração de petróleo na Foz do Amazonas é alvo de críticas e protestos de ambientalistas, que dizem que a região é considerada sensível para receber a atividade petroleira, que traz riscos, como vazamentos que podem afetar a fauna e a biodiversidade local. Comunidades tradicionais também criticam o empreendimento pelo potencial de danos que pode trazer à área.

"O leilão brasileiro —apelidado de ‘do fim do mundo’— abriu a bacia amazônica para exploração de petróleo e gás. Esse desenvolvimento desastroso ocorre bem no meio de negociações climáticas cruciais da ONU em Bonn, das quais o Brasil participa como futuro presidente da COP", criticou Bill Hare.

O presidente Lula já defendeu publicamente a busca por petróleo na região, dizendo que o petróleo será necessário para que a transição energética aconteça.

"Senhor presidente, o Brasil já é líder em energia renovável, com quase 90% de sua eletricidade proveniente de fontes limpas. O país também abriga uma vasta riqueza natural —florestas, rios, biodiversidade— que pode ajudar a ancorar uma mudança global em direção a um futuro justo e resiliente", afirma a carta dos cientistas.

"Com sua liderança na COP30 e no Brics [grupo de países emergentes], o Brasil tem a oportunidade de definir o que significa ser um líder climático no século 21 e fazer com que outros países se juntem a essa missão", completa a mensagem.

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