Esta é a última coluna antes do dia 1º de agosto, quando Donald Trump, se não tiver sofrido impeachment por acusação de pedofilia, taxará os produtos brasileiros em 50%. A culpa pelos danos causados ao Brasil será inteira dos bolsonaristas. Mas eles não estão no controle: são apenas os cúmplices e o álibi de uma guerra que Trump trava contra o Brasil para cometer seus próprios crimes e dar seus próprios golpes.
Trump impôs tarifas mais altas sobre o Brasil do que sobre os outros países porque só aqui ele conta com um exército de quintas-colunas —os bolsonaristas— que lutarão ao lado dos Estados Unidos para saquear o Brasil.
Se Putin pudesse contar com algo parecido na Ucrânia, já teria vencido a guerra.
Trump quer quebrar nossos setores mais modernos, o agronegócio, a Embraer, o Pix, que competem com empresas americanas. Também quer roubar nossas terras raras, minérios importantes para a produção de itens de alta tecnologia.
Percebeu que podia fazer isso tudo com apoio, ou ao menos a inação covarde, de cerca de 30% da população brasileira, da bancada bolsonarista no Congresso e de governadores importantes que puxam o saco do Jair.
Pareceu um gol aberto, ele chutou.
A turma do Jair nos Estados Unidos age como se estivesse no controle dos acontecimentos. Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo comemoram o saque das riquezas brasileiras, sofrem de delírios de grandeza e sonham com um novo golpe.
Em um vídeo de maio deste ano, vemos Figueiredo sonhando que será ministro da Defesa em 2027 para perseguir os generais que não apoiaram o golpe de Jair Bolsonaro (os "filhas das putas", segundo ele). Afirma que empregaria o general Tomás Paiva, atual comandante do Exército brasileiro, como seu ajudante de ordens. Após "cagar em uma mala", forçaria o general a carregá-la por 15 dias, antes de lhe dar baixa desonrosa. Em sua fantasia, as pessoas gritariam "Paulo Figueiredo, eu autorizo" como gritavam para Jair.
Mas nem ele nem Eduardo estão no comando. Figueiredo é só a versão Pinochet de George Santos, aquele picareta que falsificava cheques em Niterói, virou deputado nos Estados Unidos e foi preso dias desses. Eduardo é o que o rapper Oruam, filho do traficante Marcinho VP, seria, se o Comando Vermelho estivesse queimando empresas brasileiras com os empregados dentro até que Marcinho fosse solto.
Pelo critério que a direita brasileira sempre usou contra a esquerda, os dois partidos bolsonaristas, PL e Novo, já deveriam ter perdido seus registros. Pelo artigo 28, inciso 2 da Lei dos Partidos Políticos, o partido pode perder o registro se estiver "subordinado a entidade ou governos estrangeiros", como PL e Novo evidentemente estão subordinados ao governo Trump.
Foi essa a desculpa para cassar o registro do Partido Comunista Brasileiro em 1947: o partido seria subordinado a Moscou. Sessenta anos depois, o deputado de direita José Carlos Aleluia (DEM-BA) pediu a cassação do PT alegando que o partido seria submisso ao Foro de São Paulo.
Não quero cassar registro de ninguém, porque sou mais democrata que a direita brasileira. Mas nem Moscou nem o irrelevante Foro de São Paulo jamais fizeram contra o Brasil o que os Estados Unidos de Trump estão fazendo com a cumplicidade dos bolsonaristas.