Cláudio Christóvam de Pinho, o "Gerente", Luizinho, o "Pequeno Polegar", ou Baltazar, o "Cabecinha de Ouro"?
Roberto Rivellino, o "Reizinho do Parque", ou Ditão, o "Homem de Aço"?
Sócrates, Casagrande, Zé Maria ou Biro-Biro?
Nunca se fez pesquisa desse tipo para saber quem era mais ídolo da torcida corintiana nas arquibancadas e periferias.
Ao que era possível perceber nos estádios, embora Cláudio fosse jogador completo, o infernal Luizinho e o goleador Baltazar tinham cotação mais alta.
Rivellino, melhor jogador da história alvinegra, perdia em popularidade para o vigoroso zagueiro Ditão.
Doutor Sócrates teve de usar todas as suas armas para conquistar a Fiel, que preferia a inconformidade do Casão, a raça do Super-Zé, a bunda no chão de Biro-Biro.
Entre Zé Elias, o "Zé da Fiel", que se matava em campo, e o talento de Marcelinho Carioca, o bando de loucos protegia o primeiro, tanto que um era da Fiel e o outro seguiu Carioca para sempre.
Olhe para o atual time corintiano e veja se algum jogador tem vínculo parecido com a massa.
O que tinha, Cássio, saiu pela porta dos fundos, depois que Paulinho, outro que tinha, e como!, também se mandou do Parque São Jorge. Ambos não suportaram o cheiro ruim.
O "Palácio de Mármore", na proletária Itaquera, tentou excluir o povão, ainda não conseguiu, mas a quadrilha que tomou o clube de assalto de tanto mentir, e por tanto tempo, deixou a Fiel órfã, já até sem saber como protestar.
Torre de Babel, o elenco pouco entende da alma alvinegra e ainda tem como principal referência o holandês voltado para si mesmo —que fez questão de tomar a 10 de Rodrigo Garro, com a qual deu as costas para seus companheiros no recente fiasco no Majestoso.
Fique bem claro que Memphis Depay está longe, longérrimo, de ser culpado de coisa alguma, e pegá-lo como bode expiatório será injustiça, incomparável com a feita em relação a Rivellino, em 1974, mas, ainda assim, injustiça.
Então, o Reizinho acabou expulso do Parque em que reinava. Expulsos, hoje, devem ser os vendilhões do templo —o episódio bíblico em que Jesus bota para fora do Templo de Jerusalém os comerciantes e cambistas que estavam utilizando o espaço sagrado para atividades criminosas, ao transformá-lo num covil de ladrões.
Como explicar que o mesmo elenco, em simbiose com a torcida, capaz da arrancada que o catapultou do rebaixamento à Libertadores, seis meses depois acumule tantos vexames, sem alma nem coração?
A resposta está na contaminação disseminada pela cartolagem sem-vergonha que fez do Corinthians meio de vida.
Refundar o corintianismo é a missão que se impõe antes de ser tarde demais.
Guardadas todas as devidas proporções, e sem violência, o Palácio de Mármore, ou o Parque São Jorge, precisa ser ocupado como foi o Palácio de Inverno, na Rússia, em Petrogrado, hoje São Petersburgo, em outubro de 1917.
Porque ou a Fiel recupera o clube dela para si ou a sangria continuará vampiresca, sedenta, gananciosa, implacável, até não restar mais nenhum ovo de ouro e a ave estiver morta.
Corintianos de todo o mundo, uni-vos!
Nada tendes a perder, só a ganhar o restabelecimento do vínculo esgarçado com a camisa que vos representa.