A Petrobras pressiona para que o simulado da perfuração do primeiro poço em águas profundas na Foz do Amazonas aconteça na próxima semana, mas a expectativa no Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) é de que o exercício não ocorra antes de agosto.
Nos últimos dias, em uma etapa prévia ao simulado, técnicos do instituto realizaram vistoria das embarcações de resposta a vazamentos, de resgate de animais e também da nova base para cuidar da fauna impactada, construída pela estatal no Oiapoque (AP).
A estatal propôs em carta ao Ibama que o simulado, chamado de APO (avaliação pré-operacional) ocorresse na semana de 14 de julho, mas pessoas que acompanham o tema de perto dizem que o instituto dará início na próxima semana ao planejamento da atividade.
Nesta etapa, definirão o roteiro da simulação e quais critérios serão avaliados, por exemplo. A expectativa é que esse trabalho leve algumas semanas e, por isso, o simulado não deve acontecer neste mês de julho. Procurado pela Folha, o Ibama disse apenas que "ainda não há data definida para a realização da APO".
A Petrobras corre contra o tempo para conseguir iniciar a perfuração na Foz do Amazonas, uma vez que seu contrato para usar o navio-sonda acaba em outubro e ela precisaria, em tese, terminar a operação até lá.
Atualmente, a embarcação está atracada em frente a Belém, à espera da autorização do Ibama para se deslocar para a área do poço. Ela saiu do Rio de Janeiro no início de junho, após ser vistoriada pelo Ibama, e está há cerca de uma semana parada no litoral paraense.
O simulado é considerado pela estatal a última etapa do processo de licenciamento do poço, que, se bem-sucedido, pode representar a abertura de uma nova fronteira petrolífera na região Norte. O simulado tem como objetivo avaliar os planos de emergência e de proteção da fauna em caso de acidente.
A preocupação é intensificada por se tratar do primeiro poço em uma região com condições ambientais diferentes das encontradas nas bacias de Campos e Santos, onde está a maior parte das reservas brasileiras, e pela grande profundidade.
A Petrobras diz que usará no poço "a maior estrutura de resposta a emergências para perfuração exploratória já utilizada pela companhia", com tecnologias que "buscam garantir maior precisão, qualidade, produtividade e especialmente segurança nas operações".
Em fevereiro, técnicos do Ibama emitiram parecer contrário à licença ambiental, pedindo arquivamento do processo sob o argumento de que o plano da Petrobras "não apresenta possibilidade de resgate de inúmeros grupos e espécies da megafauna, incluindo aquelas ameaçadas de extinção".
Em maio, porém, o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, desconsiderou essa conclusão e autorizou o simulado usando um parecer alternativo. Esta semana, técnicos do Ibama estiveram em Belém e Oiapoque para vistoriar embarcações e instalações.