O presidente do BRB (Banco de Brasília), Paulo Henrique Costa, e o banqueiro Daniel Vorcaro, dono do banco Master, se reuniram na manhã desta terça-feira (22) com a diretoria do Banco Central para avançar nas tratativas da operação de compra do banco privado.
O encontro foi incluído na agenda oficial dos diretores Ailton Aquino (Fiscalização) e Renato Gomes (Organização do Sistema Financeiro e de Resolução) ao término da reunião. O compromisso foi descrito como "para tratar de assuntos de supervisão".
Pelo lado do BRB, contam na lista de participantes Dario Oswaldo Garcia Junior, diretor-executivo de Finanças e Controladoria, Luana de Andrade Ribeiro, diretora-executiva de Controle e Risco, Ananda Nunes Frota, da Superintendência de Fusões, Aquisições e Participações, e Rodrigo Alves dos Santos, da Superintendência de Controladoria.
Um dia antes, na segunda (21), o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, recebeu o presidente do BRB na sede da instituição. O chefe da autoridade monetária também se encontrou no último sábado (19) com Vorcaro, do Master.
Os membros do BC buscam, nesses encontros, sanar dúvidas sobre a nova documentação entregue recentemente à autoridade monetária. No início do mês, Galípolo disse que BRB e Master ainda estavam definindo o escopo da operação.
Na prática, o perímetro da operação define o tamanho do Master que o BRB pretende comprar. Como mostrou a Folha, a fatia que o BRB vai adquirir do banco deve ser menor do que o informado anteriormente.
Uma das razões apontadas são problemas de documentação que foram encontrados em vários ativos e passivos do banco privado. Os ativos cuja documentação não seja satisfatória deverão ser retirados do perímetro.
"A partir daí o Banco Central faz uma análise da viabilidade da operação sem julgar a conveniência para seus acionistas das operações", afirmou Galípolo em audiência pública na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados no dia 9 de julho.
No último dia 14, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) abriu um processo administrativo para investigar a cúpula do BRB, com foco na elaboração das demonstrações financeiras do ano de 2024 e na convocação de assembleias gerais ordinárias "não tempestivas" (fora do prazo legal).
O balanço investigado pela CVM trouxe um lucro líquido recorrente de R$ 282 milhões em 2024, alta de 41% em relação ao ano anterior, ajudado por aumento de 15,1% na margem financeira decorrente da maior carteira de crédito e da diversificação dos produtos.
Em junho, a Superintendência-Geral do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovou a compra de uma fatia do Banco Master pelo BRB. A operação depende agora do aval do Banco Central.
A aquisição de 58% do Master pelo BRB foi anunciada em 28 de março. A operação provocou discussões entre o BC e os principais bancos do país e despertou preocupação entre parlamentares do Distrito Federal.