Projeto apoiado por Bezos para rastrear emissões de metano se perde no espaço

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O MethaneSAT, um satélite de US$ 88 milhões (R$ 480 milhões) apoiado pelo bilionário Jeff Bezos, que detectava emissões de metano —um poderoso gás de efeito estufa— da indústria de petróleo e gás, foi perdido no espaço, informou o grupo que o opera nesta terça-feira (1º).

Segundo o EDF (Environmental Defense Fund), ONG que liderava a iniciativa, o aparelho vinha coletando dados de emissões e imagens de locais de perfuração, oleodutos e instalações de processamento em todo o mundo desde março, mas saiu de curso há cerca de 10 dias. Sua última localização conhecida foi sobre Svalbard, na Noruega, e o EDF disse que não espera recuperá-lo, pois o satélite ficou sem energia.

"Estamos vendo isso como um contratempo, não um fracasso", disse Amy Middleton, vice-presidente sênior do EDF, à Reuters. "Progredimos e aprendemos tanto que, se não tivéssemos assumido esse risco, não teríamos nenhum desses aprendizados."

O lançamento do MethaneSAT em março de 2024 foi um marco em uma campanha do EDF para responsabilizar os mais de 120 países que, em 2021, se comprometeram a reduzir suas emissões de metano.

Também buscava ajudar no cumprimento de uma promessa adicional de 50 empresas de petróleo e gás feita na cúpula climática COP28 de Dubai, em dezembro de 2023, para eliminar o metano e a queima do gás natural durante a extração de petróleo.

O metano é um potente gás de efeito estufa, com 80 vezes o poder de aquecimento do dióxido de carbono em um período de 20 anos. Os cientistas dizem que conter vazamentos de metano em poços de petróleo e gás e equipamentos usados pela indústria dos combustíveis fósseis é uma das maneiras mais rápidas de começar a enfrentar o problema do aquecimento global.

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Embora o MethaneSAT não fosse o único projeto a publicar dados de satélite sobre emissões de metano, seus apoiadores disseram que ele fornecia mais detalhes sobre as fontes de emissões e fez parceria com o Google para criar um mapa global de emissões disponível publicamente.

A construção e o lançamento do satélite custaram US$ 88 milhões, segundo o EDF. A organização recebeu uma doação de US$ 100 milhões (R$ 546 milhões) do Fundo Bezos Earth em 2020 e obteve também apoio financeiro da Arnold Ventures, da Fundação Robertson e do TED Audacious Project, além de doadores do EDF. O projeto também tinha parceria com a Agência Espacial da Nova Zelândia.

O EDF disse que tinha seguro para cobrir a perda e seus engenheiros estavam investigando o que havia acontecido.

A organização disse que continuaria a usar seus recursos, incluindo aeronaves com espectrômetros detectores de metano, para procurar vazamentos do gás.

Também afirmou ser muito cedo para dizer lançaria outro satélite, mas acreditava que o MethaneSAT provou que um instrumento altamente sensível "poderia ver as emissões totais de metano, mesmo em níveis baixos, em áreas amplas."

Apesar dos esforços para aumentar a transparência nas emissões, os "super-emissores" de metano raramente tomaram medidas quando foram alertados de que suas instalações têm vazamentos, disse a ONU em um relatório no ano passado.

A pressão sobre eles diminuiu à medida que os Estados Unidos, sob o segundo mandato do presidente Donald Trump, encerraram um programa para coletar dados de gases de efeito estufa de grandes poluidores e revogaram regras da era Biden destinadas a reduzir o metano.

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