O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou que o governo reduziu a tarifa cobrada do Japão de 24% para 15% devido a um arranjo de financiamento inovador e evitou afirmar que a União Europeia poderá alcançar o mesmo resultado.
"Eles (os japoneses) conseguiram a taxa de 15% porque estavam dispostos a fornecer este mecanismo de financiamento inovador", afirmou Bessent em entrevista ao programa Surveillance da Bloomberg Television nesta quarta-feira (23), quando questionado se outros parceiros comerciais poderiam obter uma taxa recíproca semelhante.
O Japão tinha uma tarifa de 24% sobre os produtos que exportava aos EUA, que subiria para 25% a partir de 1º de agosto. Porém a negociação levou a tarifa para 15%, de acordo com anúncio feito por Donald Trump nessa terça-feira (22).
O acordo também inclui um fundo de US$ 550 bilhões para investimentos nos EUA.
"Eles vieram até nós com a ideia de uma parceria Japão-EUA, onde vão fornecer capital próprio, garantias de crédito e financiamento para grandes projetos nos EUA", comentou Bessent. Ele também afirmou que o compromisso de investimento estrangeiro direto é "todo capital novo".
O chefe do Tesouro também minimizou a ameaça da UE de estar preparando um pacote de contramedidas contra a tarifa de 30% anunciada pelos EUA, que entrará em vigor em 1° de agosto. "É uma tática de negociação, e é o que eu faria se estivesse no lugar deles", afirmou Bessent em relação ao plano europeu.
Questionado se Bruxelas havia apresentado algo inovador nas negociações com os EUA, Bessent negou, mas mostrou otimismo com as discussões. "Ainda não, mas, novamente, as conversas estão indo melhor do que estavam."
"Estamos fazendo bons progressos com a UE", afirmou o secretário, reiterando sua avaliação de que o bloco tem um problema de ação coletiva devido aos seus 27 países-membros. Em contraste, o Japão — um país que Bessent disse ter visitado 52 vezes desde 1990— "se move como uma entidade única".
Folha Mercado
Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes.
O superávit comercial da Europa com os EUA também significa que "qualquer tipo de escalada em problemas comerciais sempre os atingirá mais".
Quanto às negociações com a China, cuja próxima rodada deve ocorrer entre 27 e 30 de julho em Estocolmo, Bessent foi otimista. "Estamos em uma posição muito boa com a China agora, e podemos começar a avançar para discussões maiores", afirmou.
Ele reiterou que os debates com os asiáticos incluíam as compras de Pequim de petróleo russo e iraniano sob sanções, juntamente com "uma série de questões de segurança".
"Estaremos falando sobre acordos de compra, especialmente" na agricultura, disse o secretário do Tesouro.
Com a mais recente trégua sobre tarifas com a China definida para expirar em 12 de agosto, Bessent disse que "acho que poderíamos prorrogá-la, talvez em um incremento de 90 dias".
"Ambos os lados desescalaram, e acho que podemos entrar em um ritmo muito bom de reuniões regulares com eles", analisou.