O ministro da Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência), Sidônio Palmeira, adiou sua ida para uma comissão na Câmara dos Deputados, marcada inicialmente para quarta-feira (9), para o segundo semestre, em meio a um mal-estar com parlamentares de oposição e de centrão, pressionados pelas redes sociais.
Sidônio foi convidado para ir à Comissão de Comunicação, atendendo a requerimentos de deputados da oposição, para conversar sobre campanhas da Secom. A sua ida estava confirmada antes da escalada das críticas sob o mote de ricos contra pobres.
Segundo relatos de integrantes do governo e parlamentares da base, o ministro negociou com a comissão para que sua ida ao colegiado ocorra somente após o recesso, em agosto. Os parlamentares saem de folga nas duas últimas semanas de julho.
A expectativa de parlamentares era de questionamentos duros ao ministro da Secom. Em reunião de líderes nesta terça, deputados de oposição e de centro se queixaram do que apontam como um movimento contra o Congresso e criticaram o governo do presidente Lula (PT), a quem atribuíram a autoria desses ataques.
Governistas, por sua vez, negaram relação do Palácio do Planalto e afirmaram que as críticas são reação da população às decisões da Câmara.
A reunião teve falas em desagravo ao Congresso e ao presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB). O deputado tem sido alvo de ataques nas redes sociais em meio ao debate de ricos contra pobres.
A discussão começou a partir de uma fala do líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), em defesa de Motta e criticando a atuação do governo. Segundo relatos, ele classificou como ataque a democracia o governo patrocinar impulsionamento contra o Parlamento.
As campanhas em defesa da "taxação BBB", em referência a "bilionários, bets e bancos" —grupo que formaria um poderoso lobby em parceria com o centrão e a direita no Legislativo— tem sido capitaneadas e impulsionadas pelo PT e sua militância nas redes sociais.
O governo, por sua vez, tem feito vídeos com linguagem mais jovem para defender a taxação do IOF, derrubada pelo Congresso em junho.
Ainda assim, os discursos na reunião dos líderes foi na linha de responsabilizar o governo por esses ataques. O vice-presidente da Câmara, Altineu Cortes (PL-RJ), disse que se fosse ele o presidente da Casa teria tomado já uma providência --sem entrar em detalhes.
Luizinho (PP-RJ) e Alex Manente (Cidadania-SP) foram na linha de se solidarizar a Hugo Motta e criticar impulsionamento de conteúdo para agredir ao Parlamento, e que isso não representaria a democracia.
Motta ouviu aos comentários, mas não se manifestou sobre o tema.