Tarcísio afaga Bolsonaro em protesto, critica governo Lula e poupa STF

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O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), voltou a defender Jair Bolsonaro (PL) neste domingo (29), em ato na avenida Paulista, e promoveu uma série de críticas ao governo Lula (PT), em discurso em tom eleitoral.

"A gente está aqui para pedir justiça, pedir anistia, pedir a pacificação", disse o governador, que até então não havia se manifestado sobre os pedidos de aliados bolsonaristas para a concessão de um indulto ao ex-presidente, seu padrinho político.

Filho mais velho do ex-presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) colocou o indulto como uma condição para o apoio do pai a um presidenciável em 2026. Neste mês, em entrevista à Folha, ele declarou que o candidato deve brigar com o STF por isso, se necessário, incluindo até "o uso da força".

Diferentemente de outros participantes, Tarcísio não se referiu diretamente a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), embora tenha repetido críticas ao fato de Bolsonaro estar inelegível.

O governador tem repetido que nunca ouviu seu padrinho político defender atos antidemocráticos, embora, enquanto ministro da Infraestrutura de Bolsonaro, tenha silenciado em uma live na qual o ex-presidente atacou as urnas eletrônicas e também minimizado agressões verbais do ex-presidente ao ministro do STF Alexandre de Moraes.

Neste domingo, outros discursos feitos no palanque atacaram diretamente ministros do STF. O senador Magno Malta (PL-ES) chamou a ministra Carmén Lúcia de tirana, enquanto o pastor Silas Malafaia, organizador do ato, afirmou que Moraes é "ditador da toga".

Após participar do ato que teve como um dos principais alvos o STF, o governador de São Paulo vai, nos próximos dias, a Lisboa participar de evento promovido pelo ministro Gilmar Mendes. Conhecido como "Gilmarpalooza", o Fórum de Lisboa reunirá ministros do Supremo e dezenas de autoridades, como auxiliares de Lula, além de empresários.

DISCURSO

O discurso de Tarcísio durou poucos minutos, mas incluiu uma série de ataques ao governo Lula, algo que o governador não tem o costume de fazer de forma tão direta. Em sua fala, ele criticou prejuízos nos Correios, falou em corrupção na gestão e pediu: "Fora, PT".

Tarcísio também tentou puxar coro do público. "O Brasil não aguenta mais a desfaçatez, o gasto desenfreado, a corrupção. O Brasil não aguenta mais o governo gastador. Quem paga essa conta dos juros altos são vocês. O Brasil não aguenta mais aumento de imposto, não aguenta mais o PT", disse.

"É por isso que a gente nao aguenta mais o PT. Fora PT. Vamos dar essa resposta no ano que vem", acrescentou.

Ele também disse que o país "tem um grande líder", referindo-se ao próprio Bolsonaro e indicando que ele sairá candidato no próximo ano. Tarcísio promoveu uma série de elogios ao padrinho político e disse que ele "fez uma transformação no Brasil, saneou as estatais, não aceitou acordos políticos e concluiu obras paradas". Ainda o chamou de "honesto".

Considerado por dirigentes partidários da centro-direita como o nome mais capaz de concorrer contra Lula (PT) em 2026, Tarcísio nega qualquer pretensão de se candidatar à Presidência no próximo ano, mesmo com Bolsonaro inelegível até 2030. Como mostrou a Folha, ele ampliou nos últimos dias suas agendas no interior do estado, em movimento semelhante ao de outros governadores que tentaram a reeleição.

Aliados de Tarcísio interpretam o gesto como parte de uma estratégia para reforçar sua lealdade a Bolsonaro e manter-se como possibilidade de um nome a ser apoiado à Presidência em 2026. O ex-presidente está hospedado no Palácio dos Bandeirantes, a convite do governador, como costuma fazer quando viaja a São Paulo.

Além de Tarcísio, outros três governadores participam do ato deste domingo: Romeu Zema (Novo-MG), Cláudio Castro (PL-RJ) e Jorginho Mello (PL-SC). Zema já manifestou o interesse em concorrer à Presidência no próximo ano, embora Tarcísio seja visto como favorito ao posto.

Tarcísio, inclusive, recebe maior destaque dos organizadores de eventos bolsonaristas em relação aos outros governadores. No ato realizado em abril, também na avenida Paulista, em defesa dos réus de 8 de janeiro de 2023, o afilhado político de Bolsonaro foi o único, entre sete governadores, a discursar. O mesmo se repetiu neste domingo, com Tarcísio dizendo ser "uma honra falar em nome dos governadores".

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