Vice de Nunes é alvo de articulação para substituir Eduardo Bolsonaro na disputa ao Senado em 2026

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Aliados de Tarcísio de Freitas (Republicanos) em São Paulo já avaliam que Eduardo Bolsonaro (PL-SP) não concorrerá ao Senado pelo estado no ano que vem e, por isso, articulam um nome para substituí-lo na próxima eleição: o vice-prefeito da capital, coronel Ricardo Mello Araújo (PL).

A análise é a de que, com o protagonismo do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas sanções ao Brasil promovidas pelo governo Donald Trump, ou Eduardo permanecerá nos Estados Unidos ou brigará para disputar a Presidência, caso retorne ao Brasil.

Mello Araújo nega que tenha sido sondado para o posto. "Se cogitaram [meu nome], não estou sabendo", disse o vice-prefeito.

Contudo, à Folha, ele deixou a possibilidade aberta: "[É o] presidente Bolsonaro que decide".

O roteiro planejado por Tarcísio, Ciro Nogueira (PP), Antônio Rueda (União Brasil), Valdemar Costa Neto (PL), Gilberto Kassab (PSD) e Renata Abreu (Podemos), presidentes de suas respectivas legendas, era que Eduardo disputasse o Senado por São Paulo em uma chapa que teria como segundo nome Guilherme Derrite (PP), deputado federal licenciado e atual secretário da Segurança Pública paulista.

Em 2026, cada estado elegerá dois senadores, que terão mandato de oito anos. Cada partido pode lançar até dois candidatos. A aliança Eduardo e Derrite seria uma chapa informal, proposta para aglutinar os votos da centro-direita e evitar que um candidato da esquerda ficasse com um dos assentos.

O plano dos dirigentes partidários foi explicitado no fim de maio, no palco de uma casa noturna da zona sul da capital, no evento de filiação de Derrite ao PP.

Na ocasião, os dirigentes partidários ainda tinham dúvidas se Eduardo, que havia se autoexilado nos Estados Unidos havia poucas semanas, teria algum êxito em obter sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

O que veio, contudo, foi a sobretaxa de 50% a todos os produtos exportados do Brasil para os Estados Unidos, medida que seus aliados não bolsonaristas veem como muito difícil de ser defendida para o eleitorado.

Há uma série de especulações sobre o futuro político do filho do ex-presidente da República. Em uma entrevista ao podcast Inteligência Ltda nesta segunda-feira (21), o deputado reforçou a indicação de que não retornará. "Eu não estou preocupado com o meu futuro político. Eu estou disposto a morrer no exílio aqui nos Estados Unidos para levantar essas bandeiras de liberdade", disse.

"Mais uma vez, eu agradeço ao Trump. O Trump está entrando nesse jogo e está sendo o fator que está mudando esse tabuleiro todo. Então, eu não estou fazendo cálculo eleitoral, eu não estou fazendo cálculo político. Para mim, pouco importa a questão de desgaste ou não."

Porém aliados —como o governador do Rio, Cláudio Castro (PL)— se movimentam para manter o mandato do deputado, cogitando nomeá-lo para cargos públicos que o permitiriam preservar o cargo, mas sem exercer o mandato.

Mello Araújo é considerado um seguidor fiel do ex-presidente, capaz de mobilizar votos do eleitorado bolsonarista, especialmente no interior do estado. Coronel da reserva da PM, ele comandou a Rota, batalhão conhecido por sua letalidade e denúncias de abusos.

Sua indicação à chapa de Ricardo Nunes (MDB), no ano passado, foi uma condição imposta por Bolsonaro para apoiar a reeleição do prefeito de São Paulo.

A forma de agir de Mello Araújo, contudo, vem causando atritos na prefeitura e na Câmara Municipal, segundo aliados de Nunes. O vice-prefeito toma decisões que caberiam ao prefeito sem consultá-lo, o que tem ampliado o desconforto entre aliados.

Um exemplo recente, revelado pelo Painel da Folha, foi o veto para a liberação de R$ 200 mil em emendas parlamentares para um vereador aliado, Sansão Pereira (Republicanos), ocorrido em abril, enquanto Nunes estava na Ásia.

O recurso iria para um torneio esportivo, mas Mello Araújo questionou a realização do evento sem conversar com auxiliares. O prefeito derrubou o veto e liberou a verba ao aliado quando retornou ao cargo.

Embora não admita publicamente, Nunes vem trabalhando para disputar as eleições para o governo do estado no ano que vem, considerando que Tarcísio deixará o posto para concorrer à Presidência.

Ele tem como rivais o presidente da Assembleia Legislativa, André do Prado (PL), e Kassab, que, além de presidente do PSD, é secretário de Governo de Tarcísio.

Se Nunes e Mello Araújo renunciarem, a cadeira de prefeito ficará para o presidente da Câmara, Ricardo Teixeira (União Brasil), aliado próximo ao ex-presidente do Legislativo municipal, Milton Leite (União Brasil), que optou por não concorrer no ano passado, após sete mandatos consecutivos, mas continua participando da vida política nos bastidores.

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