Abraji lança documentário sobre ícones do jornalismo em 1º dia de congresso

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Com relatos como do som de cem máquinas de escrever em Redações enormes com "gente estranha", 21 jornalistas homenageados pela Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) falam sobre o fascínio pela profissão em documentário a ser lançado no dia 10 de julho.

Esse será também o primeiro dia do 20º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, organizado pela entidade, que vai até o dia 13, em São Paulo.

Segundo a Abraji, a ideia é reforçar aos iniciantes no ofício a história do jornalismo nacional por meio da trajetória de figuras de referência no país. Todas elas já foram celebradas antes pela associação, que organiza o congresso desde 2005.

O documentário "Duas décadas de reconhecimento ao papel do jornalismo" tem direção e montagem de Diego de Godoy e é realizado pela Abraji. O roteiro é de Jota Carmo. Assinam a produção Elvira Lobato, Angelina Nunes e Maiá Menezes.

O primeiro homenageado na história do congresso foi José Hamilton Ribeiro, ganhador sete vezes do prêmio Esso, com trajetória marcada por coberturas como a da Guerra do Vietnã e por quatro décadas no Globo Rural.

Prestes a completar 90 anos, ele compartilha no documentário percepções sobre a profissão e dá dicas aos mais novos. "Não adianta você ver a notícia de longe, você tem que estar perto", diz em uma delas.

José Hamilton também fala sobre como surgiu a paixão pelo jornalismo ao testemunhar, por volta dos 10 anos, a queda de um aviãozinho teco-teco. Conversou com o piloto e identificou ali o encanto pela notícia, reporta a jornalista Elvira Lobato, que conduziu a entrevista do jornalista no documentário.

Nela, José Hamilton conta outro fascínio, desta vez o contato com a Redação da Folha quando virou repórter do jornal aos 20 anos, na década de 1950.

"Você chega numa Redação enorme daquela como era a Folha na época. Para mim era uma coisa enorme. Gente estranha, gente estranha e que trabalhava de noite, dormia de dia", diz ele, rindo, no vídeo.

Carlos Wagner, repórter gaúcho que fez história no jornal Zero Hora e mais um entre os homenageados, relembra também as Redações da época em que havia nelas "nuvens de fumaça de cigarro" e o "tá-tá-tá-tá" do "som de cem máquinas de escrever ao mesmo tempo".

"Não pode andar por esse mundo e não ser lembrado. E, se tu quiser ser lembrado, tu tem que ser repórter, porque a vida é uma grande reportagem", aconselha ele em entrevista.

Além das reminiscências, os homenageados falam sobre como encaram o jornalismo e dão dicas para melhorar a apuração.

Além de José Hamilton e Carlos Wagner, são homenageados no filme Angelina Nunes, Caco Barcellos, Dorrit Harazim, Elaíze Farias, Elio Gaspari, Elvira Lobato, Fabiana Moraes, Lúcio Flávio Pinto, Janio de Freitas, Kátia Brasil, Marcelo Beraba, Miriam Leitão, Rosental Calmon Alves, Marcos Sá Corrêa e Zuenir Ventura.

Também são celebrados em homenagem póstuma Clóvis Rossi, Joel Silveira, Paulo Totti e Tim Lopes.

Os jornalistas retratados aparecem em vídeos inéditos e em outros registros. O documentário traz ainda relatos antigos de pessoas que conviveram com eles, como Otavio Frias Filho, que esteve à frente da Redação da Folha por 34 anos, e o poeta Ferreira Gullar.

Está previsto também para o dia 10 o lançamento de um site que vai ser atualizado com a trajetória dos homenageados. As primeiras histórias que vão chegar ao ar serão as de José Hamilton, Dorrit Harazim, Joel Silveira e Rosental Calmon.

A iniciativa surgiu de uma provocação feita à Abraji por Elvira Lobato. Diretora da instituição e uma das homenageadas, ela também fez algumas das entrevistas do documentário.

"É um legado que a gente espera deixar para os jornalistas", afirma. "Nesse documentário, nós vamos trazer várias mensagens desses jornalistas que eu acho que resumem dicas relevantíssimas para os mais jovens."

Um exemplo que ela cita são os conselhos de Dorrit sobre o compromisso com a pauta. "O processo de apuração de reportagens de Dorrit Harazim é comparável à preparação dos atletas dos jogos olímpicos que ela acompanhou de perto em dez Olimpíadas", afirma. "Ela se descola do universo pessoal e mergulha no que chama de 'modo jornalista', em que todos os neurônios se voltam para o trabalho."

A exibição do documentário, no dia 10, às 16h30, faz parte da programação do 20º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo da Abraji, que tem previstas mais de 150 atividades entre palestras e oficinas.

O evento é voltado a estudantes e profissionais da área de comunicação. Os valores dos ingressos, já no segundo lote, vão de R$ 70 a R$ 760, a depender do tipo e da quantidade de dias escolhidos. As inscrições podem ser feitas pelo site do Congresso.

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