Expectativa por novas sanções contra Moraes mobiliza direita nas redes

10 horas atrás 1

Os grupos públicos de mensageria seguem bastante agitados na discussão política. Desde o anúncio de novas tarifas por parte de Donald Trump contra produtos brasileiros, observou-se um aumento expressivo de mensagens que procuram interpretar —e instrumentalizar— os impactos do episódio no debate político interno.

Nos mais de 100 mil grupos públicos de WhatsApp e Telegram monitorados em tempo real pela Palver, o debate tem sido mais favorável ao campo da direita, que tem sido mais eficiente em pautar temas.

Grupos alinhados à direita passaram a associar o chamado "tarifaço" a uma suposta fragilidade da diplomacia brasileira sob o governo Lula. Essa narrativa se intensificou após notícias de que o governo brasileiro não se engajou na negociação para redução de tarifas.

Em algumas mensagens, atribui-se ao presidente a responsabilidade por um suposto isolamento do Brasil, reforçado por sua posição crítica ao presidente norte-americano e pela liderança no grupo dos Brics. Enquanto isso, o apoio de Trump a Bolsonaro reforça a validação simbólica ao ex-presidente como líder da direita.

Nos mesmos grupos, circulam com força convocações para as manifestações marcadas para 3 de agosto. Os atos, embora tenham abrangência ainda incerta, são impulsionados por conteúdos que mencionam a possível adoção da Lei Magnitsky —legislação americana usada para sanções a autoridades acusadas de violações de direitos humanos.

A proposta, que tem apoio de parlamentares da oposição, é apresentada em muitos conteúdos como uma forma de responsabilizar ministros do STF, com foco em Alexandre de Moraes.

O nome do ministro, aliás, permanece como um dos mais citados nos conteúdos analisados pela Palver, principalmente pela expectativa por punições mais abrangentes ao ministro. Outro dado que chama atenção é o crescimento das críticas internas no campo da direita.

O deputado Nikolas Ferreira, que vinha sendo uma das figuras mais mobilizadoras da base conservadora, passou a ser alvo de questionamentos em grupos bolsonaristas mais radicais após sofrer críticas públicas de Eduardo Bolsonaro. Parte das mensagens o acusa de "moderação excessiva" e "ausência em momentos decisivos".

Esse reposicionamento interno também tem sido alimentado por figuras como Paulo Figueiredo, que vem ganhando destaque com conteúdos de forte tom acusatório contra o STF, o Congresso e até nomes do próprio campo conservador.

Em vídeos de alta circulação, Figueiredo critica diretamente o ex-presidente Michel Temer e defende a necessidade de ruptura com o que chama de "establishment". Em diversas ocasiões, aparece ao lado de Eduardo Bolsonaro, reforçando a estratégia de polarização interna.

Do outro lado do espectro político, a esquerda tem reagido de forma irônica e crítica à decisão da Justiça de impor o uso de tornozeleira eletrônica a Jair Bolsonaro.

Em muitos grupos progressistas, a tornozeleira tem sido usada como símbolo do desgaste político do ex-presidente, além de figurar em memes e mensagens de tom satírico. Não há, contudo, um direcionamento da comunicação visando implementar uma linha narrativa.

A multiplicidade de temas em circulação nas redes —tarifas, tornozeleira, manifestações, Lei Magnitsky, divisões internas— tem dificultado a articulação de respostas claras por parte do governo.

A quantidade de frentes abertas impõe um enorme desafio: é mais difícil se posicionar quando não há um único centro de gravidade na crise, como é o caso das tarifas contra produtos brasileiros.

Nesse cenário, a capacidade de organizar e direcionar o debate tem sido uma vantagem competitiva, e que tem sido utilizada de forma mais eficiente pela direita, principalmente nas redes sociais.

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