Árbitro brasileiro aciona protocolo antirracismo em vitória do Real Madrid

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Mesmo com um jogador a menos desde o sexto minuto do primeiro tempo, o Real Madrid derrotou o Pachuca, do México, por 3 a 1, neste domingo (22), na Copa do Mundo de Clubes. Foi conturbado o término da partida no Bank of America Stadium, em Charlotte, com acusação de injúria racial.

O jogo foi marcado pela execução do protocolo antirracismo estabelecido pela Fifa (Federação Internacional de Futebol). Já nos acréscimos do segundo tempo, o árbitro brasileiro Ramon Abatti Abel cruzou os braços em xis, o que é chamado pela Fifa de "no racism gesture".

Isso ocorreu após uma discussão entre o zagueiro alemão Antonio Rüdiger, do Real Madrid, e o zagueiro argentino Gustavo Cabral, do Pachuca. Rüdiger estava transtornado, dizendo ter sido ofendido pelo adversário.

Rüdiger não concedeu entrevista ao fim da partida em Charlotte. Já Gustavo Cabral afirmou ter usado uma expressão em espanhol sem conotação racial.

"O árbitro fez o sinal do racismo, mas não teve nada, só uma expressão que dizemos muito na Argentina: 'cagón de mierda'", declarou Cabral. "Eu sempre digo 'cagón de mierda'. Se quiserem buscar, com certeza é o que vai estar na imagem. É muito normal, não creio que se refira a nada de racismo."

Após alguns instantes, Ramon Abatti Abel decidiu dar prosseguimento à partida, que já estava em seus instantes derradeiros. A bola rolou por apenas mais alguns segundos, com a confirmação do triunfo do Real Madrid.

"O Antonio nos contou no vestiário o que aconteceu, acreditamos nele", disse o técnico do Real Madrid, Xabi Alonso. "O caso está sob investigação. São coisas que não deveriam acontecer em uma partida como esta e em lugar nenhum. O time está com ele."

Alonso foi breve sobre o assunto e também foi comedido ao celebrar o triunfo de sua equipe, que chegou aos quatro pontos no Grupo H. O time lidera, seguido pelo RB Salzburg, com quatro pontos e saldo de gols inferior, e pelo Al Hilal, com dois pontos. O Pachuca, zerado, está eliminado.

A formação mexicana perdeu uma grande chance, já que atuou com um jogador a mais desde o início contra o Real. Logo aos seis minutos, Asencio recebeu cartão vermelho por ter agarrado o atacante Rondón, que chegava à área, de frente para o gol.

Com a vantagem numérica em campo, o Pachuca chegou a pressionar e criar oportunidades de gol –muitas esbarraram em grandes defesas do goleiro Courtois–, mas o Real Madrid foi mais eficiente, aproveitou suas chances e passou a determinar o ritmo da partida.

O clube espanhol marcou seu primeiro gol aos 34 minutos, quando Bellingham recebeu de Güler e acertou bom chute de pé esquerdo. Aos 42, foi a vez de Güler receber na área e finalizar com precisão. O próprio Güler, aos 24 da etapa final, praticamente matou o jogo.

Quando o Pachuca diminuiu a diferença, aos 34, em chute de Montiel desviado em Tchouaméni, já não havia muito tempo para reagir.

Nem por isso o jogo ficou desprovido de tensão. Os ânimos se acirraram nos acréscimos, e o árbitro brasileiro Ramon Abatti Abel teve de executar o protocolo antirracismo da Fifa.


Protocolo em caso de racismo

1) Passo 1 - parar o jogo

  • Árbitro: flagra ou é avisado sobre algum ato racista. Ele faz o chamado "No Racism Gesture" (gesto contra racismo, em inglês), com os braços cruzados, e decide se para ou não a partida.
  • Jogador: o alvo do ato racista também pode fazer o gesto para denunciar para o árbitro, para o capitão ou para algum representante do time. O árbitro decide se para ou não a partida.
  • Representante do torneio: ao flagrar ou ser avisado de algum caso, precisa informar ao árbitro.

2) Passo 2 - suspender a partida

  • Se o incidente não cessa após o reinício da partida, o árbitro suspende temporariamente a partida e instrui ambas as equipes a retornarem aos vestiários.
  • Um anúncio é feito no local para informar a todos sobre o motivo da interrupção.

3) Passo 3 - cancelar a partida

  • Se o incidente não cessa após o reinício do jogo, o árbitro deve cancelar a partida.
  • Isso só acontece após consulta às autoridades e aos especialistas –e somente quando é seguro interromper a partida.
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