Ataque de rebeldes houthis do Iêmen contra navio mata 2 pessoas no mar Vermelho

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Após um ano, o mar Vermelho voltou a ser palco de mortes na noite desta segunda-feira (7), quando um ataque durante uma ofensiva dos rebeldes houthis na costa do Iêmen matou dois tripulantes de um navio comercial e feriu gravemente outros dois.

A informação foi confirmada nesta terça (8), durante uma reunião da OIM (Organização Marítima Internacional da ONU) pela delegação marítima da Libéria, país onde a embarcação de grãos Eternity C, operada por gregos naquele momento, estava registrada.

O navio levava 22 tripulantes —21 filipinos e um russo— e contava com guardas armados a bordo, que não foram suficientes para impedir um ataque com drones marítimos e lançadores de foguetes disparados de lanchas, segundo pessoas com conhecimento do caso que falaram com a Reuters.

Segundo a administradora do navio, a Cosmoship Management, pelo menos dois tripulantes ficaram gravemente feridos. Um funcionário da empresa ainda afirmou à agência de notícias que a ponte de comando do navio foi atingida e as telecomunicações foram afetadas.

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De acordo com funcionários de segurança marítima, o navio, que estava sem carga, sofreu danos graves e está inclinado. A tripulação teria recebido ordens para abandonar a embarcação, mas os botes salva-vidas haviam sido destruídos.

As mortes, as primeiras envolvendo navegação no mar Vermelho desde junho de 2024, elevam para seis o número total de tripulantes que perderam a vida em ataques a embarcações nesse corredor comercial que se tornou um alvo após o início da guerra entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza, em outubro de 2023.

O ataque, que ocorreu a cerca de 90 km do porto iemenita de Hodeidah, foi o segundo contra navios mercantes na região desde novembro de 2024, segundo um oficial da Operação Aspides, da União Europeia, designada para ajudar a proteger a navegação na região.

Até o momento, não houve reivindicação de responsabilidade pelo ataque. Horas antes, porém, no domingo (6), os rebeldes houthis, grupo apoiado pelo Irã que controla grande parte do Iêmen há mais de uma década, haviam assumido a autoria de um ataque ao MV Magic Seas, outro navio de grãos de bandeira liberiana operado por gregos.

O ataque envolveu tiros e lançadores de foguetes disparados de oito barcos pequenos, além de mísseis e quatro embarcações de superfície não tripuladas. Os 19 tripulantes abandonaram o navio, que estava enchendo de água, e foram resgatados por outra embarcação antes de chegar em segurança ao Djibuti, segundo pessoas que falaram com a Reuters.

Os houthis dizem ter afundado o navio, mas o representante da Stem Shipping, uma das administradoras comerciais do navio, Michael Bodouroglou, disse que não havia verificação independente. A tripulação, porém, relatou incêndios na parte da frente do navio e inundação na sala de máquinas e em pelo menos dois porões.

"Quando a Libéria ainda estava processando o choque e o luto pelo ataque contra o Magic Seas, recebemos um relatório de que o Eternity C novamente foi atacado terrivelmente, causando a morte de dois marinheiros", disse o delegado da Libéria na reunião da agência marítima da ONU.

Após o primeiro ataque, no domingo, Israel também lançou uma ofensiva contra o Iêmen pela primeira vez em quase um mês. Os alvos de Tel Aviv na madrugada de segunda foram a usina de energia de Ras Qantib e os portos de Hodeidah, Salif e Ras Isa. Nesta última localidade, o objetivo era atingir o Galaxy Leader, navio apreendido pelos Houthis no final de 2023.

"As forças do regime terrorista Houthi instalaram um sistema de radar no navio e o estão usando para rastrear embarcações no espaço marítimo internacional a fim de promover as atividades do regime terrorista Houthi", disse o Exército do Estado judeu.

O porta-voz militar dos houthis disse que as defesas aéreas do grupo responderam ao ataque israelense com "um grande número de mísseis de produção doméstica". O serviço de ambulância israelense disse não ter recebido nenhuma chamada sobre impactos de mísseis ou vítimas após os lançamentos.

Desde o início da guerra em Gaza, os houthis têm atacado Israel e navios no mar Vermelho no que dizem ser atos de solidariedade com os palestinos. A última ofensiva revela o risco operacional crescente para agentes comerciais cujos navios usam a rota, disse a empresa de segurança marítima Diaplous.

O Magic Seas, por exemplo, transportava ferro e fertilizantes da China para a Turquia, uma viagem que parecia de baixo risco por não se relacionar com Israel, diz Bodouroglou, acrescentando que a Stem Shipping, empresa que ele representa, não recebeu nenhum aviso sobre o ataque.

Mas a frota da Allseas Marine, outra administradora comercial do Magic Seas, havia feito escalas em portos israelenses no último ano, de acordo com análise da empresa britânica de gestão de riscos marítimos Vanguard Tech. "Esses fatores colocaram o Magic Seas em risco extremo de ser alvo", diz o chefe de inteligência da empresa, Ellie Shafik.

O administrador do Eternity C também está afiliado a navios que fizeram escalas em portos israelenses, segundo funcionários de segurança.

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