No mesmo dia em que anunciou a compra do banco Master, o estatal BRB (Banco de Brasília) contratou, de forma emergencial, uma das maiores empresas de estratégia de comunicação e gerenciamento de crise do Brasil, a FSB, por R$ 1,4 milhão.
Em 28 de março, o BRB comunicou a aquisição de uma fatia do Master, o que gerou uma enorme polêmica no mercado financeiro e na política. Documentos indicam que o banco estatal buscou se blindar de uma eventual crise dias antes de anunciar a aquisição.
Segundo o contrato, feito sem licitação, a demanda para "contratação de uma consultoria especializada em gestão de imagem e comunicação institucional" se deu em 14 de março, "no contexto do Projeto Vértice, uma operação estratégica sigilosa e de alto impacto no mercado financeiro, envolvendo uma possível aquisição societária".
O contrato entrou em vigor em 28 de março, "data da emergencialidade".
Em nota, o banco estatal informou que "a contratação emergencial da consultoria especializada em gestão de imagem e comunicação institucional da FSB observou rigorosamente os critérios legais e normativos aplicáveis ao caso".
Entre os produtos contratados pelo BRB estão "diagnóstico de crise instaurada", plano de comunicação emergencial e uma estratégia de relacionamento com a imprensa.
O contrato traz ainda um relatório de notícias publicadas sobre o assunto e aponta que as demandas de imprensa cresceram 1.000% após o anúncio da aquisição.
Os documentos indicam que foram levantadas dúvidas sobre "a motivação da transação, possíveis conflitos de interesse, e até a suposta ausência de critérios técnicos na opção".
Por isso, o banco estatal viu a necessidade de uma operação ágil, com combate a fake news e relacionamento estratégico com o mercado e com a imprensa.
"É necessário mitigar interpretações distorcidas, rebater desinformações e proteger a imagem do Banco", justifica o contrato. Caso contrário, prossegue, uma "situação sensível" poderia evoluir "para uma crise institucional".
"Essa exposição abrupta e maciça, somada à complexidade e sensibilidade da transação em questão, gerou uma pressão sem precedentes sobre a imagem institucional do BRB, com risco real e imediato de escalada para uma crise de reputação, capaz de comprometer a confiança de clientes, investidores e parceiros institucionais, além de afetar a continuidade de negócios e o valor percebido da marca", diz o contrato.