Uma cafeteria de 3.500 m² na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, propõe um passeio pelo universo e a história do café. O Nolita Roastery tem um torrador à mostra e não esconde a inspiração nos Starbucks Reserve Roastery, filão mais sofisticado da rede americana no qual os grãos são torrados dentro do salão.
No Nolita, o torrador fica nos fundos da cafeteria, mas sem grandes obstáculos visuais à frente. Assim, se torna o ponto focal de quem entra e funciona como uma espécie de manifesto: aqui, o café tem que ter torra fresca.
A obsessão com a torra fresca parte de Rodolfo Teichner, italiano da terceira geração de mestres de torra —seu avô fundou uma torrefação em Roma. Ele, que ajudou a trazer para o Brasil a Lavazza, diz que servir um café recentemente torrado é fundamental para manter a qualidade da bebida.
Sobre o balcão lateral ficam máquinas clássicas de espresso que são relíquias italianas, o que confere ao lugar uma cara de museu em funcionamento, já que os equipamentos são manuseados. Entre elas está a Venus Century, a unidade número 12 de uma série de 100. Ela foi lançada em 2005 em comemoração ao centenário da fabricante italiana Victoria Arduino. A unidade 000 foi um presente dado pela marca ao papa Bento 16.
Os equipamentos fazem uma viagem aos primórdios das cafeterias na Itália, país responsável pela difusão da cultura do espresso no mundo. Foi no início do século 20, afinal, que esse método de preparar café começou a se espalhar por todos os continentes.
Hoje, no entanto, os coados –outrora associados inteiramente ao ambiente doméstico– ganham espaço entre as cafeterias mais descoladas. O Nolita, embora conserve sua tradição italiana, também embarcou na onda da gourmetização e serve a bebida em diferentes métodos, como Syphon, Hario V60, Chemex, Aeropress e Clever.
A casa faz uma curadoria de grãos de diferentes regiões do Brasil, com foco nas fazendas do estado do Rio de Janeiro, região pioneira que vive um momento de resgate de sua cafeicultura.
Os grãos podem ser comprados a granel, para preparar em casa. São moídos na hora, se o cliente preferir levar já em pó.
O Nolita tem também um espaço de confeitaria, no qual são fabricados desde delicados itens de pâtisserie a bolos com dezenas de camadas. O local abriga ainda um restaurante com 450 lugares. Por isso, o acompanhamento do café pode ser desde uma focaccia, uma torrada ou um salgado até uma refeição completa.
A grandiosidade do salão segue o padrão do grupo BestFork, do empresário Marcelo Torres. Além do Nolita, ele tem restaurantes como o Giuseppe, o Giuseppe Square e o Xian, todos com centenas de assentos.
Enquanto isso, em São Paulo, o Pato Rei lança um café que foi eleito o sexto melhor do Brasil na categoria natural do Cup of Excellence, concurso que é considerado o Oscar dos cafés. Da variedade catucaí, foi cultivado na Mantiqueira de Minas e tem notas de ameixa, figo e capim limão. A xícara do coado custa R$ 39. Para levar para casa, a cafeteria venderá apenas em grãos congelados, a fim de manter o frescor da torra por mais tempo (R$ 184, o pacote congelado a vácuo com 100 g).
Colunas e Blogs
Receba no seu email uma seleção de colunas e blogs da Folha
O jornalista viajou ao Rio a convite do BestFork Experience.