Casa Branca barra jornal de acompanhar viagem de Trump após reportagem sobre Epstein

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A Casa Branca disse nesta segunda-feira (21) que excluiu o jornal The Wall Street Journal do grupo de veículos autorizados a acompanhar o presidente Donald Trump na sua próxima viagem à Escócia. Na decisão, o governo dos Estados Unidos citou a reportagem publicada pelo jornal que revelou uma carta em tom sugestivo enviada por Trump ao magnata Jeffrey Epstein em 2003.

"Treze veículos de mídia de diferentes orientações políticas vão estar no grupo de repórteres que vão cobrir a viagem do presidente à Escócia [no próximo dia 25]", disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt. "Devido ao comportamento difamatório e falso do Wall Street Journal, esse jornal não fará parte do grupo."

Na última quinta (17), o jornal, conhecido por estar mais alinhado à direita, publicou uma reportagem divulgando uma carta de Trump incluída em um álbum de aniversário organizado para Epstein em 2003. O magnata se matou na cadeia em 2019 depois de ser acusado de comandar um esquema de prostituição de menores de idade e abuso sexual.

Segundo o Wall Street Journal, a página atribuída a Trump exibe um esboço feito com marcador preto, retratando o corpo de uma mulher nua, com destaque para os seios. Na região pubiana, aparece a assinatura "Donald". O texto simula um diálogo entre Trump e Epstein, que termina com a frase: "Um amigo é uma coisa maravilhosa. Feliz aniversário —e que cada dia seja mais um segredo maravilhoso".

O presidente negou ser o autor do conteúdo em entrevista ao jornal. "Não sou eu. É uma coisa falsa. É uma história falsa do Wall Street Journal", disse ele. "Nunca escrevi um desenho na minha vida. Não desenho mulheres", acrescentou. "Não é a minha linguagem. Não são as minhas palavras."

Na sexta (18), Trump abriu uma série de ações legais contra pessoas envolvidas na reportagem, processando o Wall Street Journal; a empresa que edita a publicação, a Dow Jones; a empresa dona do veículo, a News Corp; seu CEO, Robert Thomson; seu dono, Rupert Murdoch; e dois repórteres do jornal. O presidente pede US$ 10 bilhões (R$ 55 bilhões) em danos morais. A NewsCorp tem o valor avaliado em cerca de US$ 17 bilhões.

A Associação de Correspondentes da Casa Branca, grupo que representa os jornalistas que cobrem a Presidência americana, disse na segunda que "essa tentativa de punir um veículo por que o governo não gosta de seu trabalho é perturbadora e viola a primeira emenda da Constituição".

Em fevereiro, o governo Trump quebrou décadas de precedente e retirou da associação o poder de escolher que veículos têm acesso direto ao presidente americano todos os dias. Uma das atribuições do grupo era estabelecer um rodízio de 13 jornalistas que acompanham eventos em ambientes menores, como o Salão Oval da Casa Branca, e em viagens a bordo do avião presidencial, o Air Force One.

A Associação de Correspondentes da Casa Branca reúne veículos como CNN, Reuters, The New York Times, Fox News, ABC News e Associated Press (AP), entre outros, e que elege seus membros por meio de voto de todos os repórteres que cobrem a Presidência.

A medida foi anunciada depois que a Casa Branca impediu o acesso da agência de notícias Associated Press ao Salão Oval como represália pelo fato de que a empresa não vai alterar o nome do golfo do México para golfo da América em seu respeitado manual de Redação, utilizado por uma série de outros veículos de língua inglesa. Trump alterou a nomenclatura do acidente geográfico por decreto, em medida não reconhecida internacionalmente.

Em janeiro, a AP havia dito que a medida do presidente americano "só tem autoridade dentro dos EUA" e que, por isso, não alteraria seu manual. "O México, assim como outros países e órgãos internacionais, não reconheceram a mudança de nome."

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"O golfo do México tem esse nome há mais de 400 anos", prosseguiu. "Como uma agência de notícias global que entrega conteúdo no mundo todo, a AP precisa se certificar de que lugares geográficos sejam facilmente reconhecidos por todas as pessoas."

Trump embarca para o Reino Unido na próxima sexta (25), onde deve se encontrar com o premiê Keir Starmer e assinar um acordo tarifário entre Washington e Londres negociado nos últimos meses.

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