A cachaça é uma bebida brasileira, com grande importância cultural, cujo processo de criação envolve a fermentação e destilação do caldo de cana
A bebida é tão importante que tem até seu próprio dia: 13 de setembro. A data faz referência ao dia em que a corte portuguesa assinou a permissão para a comercialização da cachaça no Brasil, em 1661, impulsionada pela Revolta da Cachaça
Há ao menos três versões da origem da “marvada”. Há registros que sugerem que ela tenha surgido em Itamaracá, Pernambuco, em 1516. Também existem suspeitas de que ela teria se originado em Porto Seguro, Bahia, em 1520
A versão mais aceita por historiadores, porém, data a cachaça de 1532, ano em que o nobre português Martim Afonso de Souza trouxe para São Vicente as primeiras mudas de cana-de-açúcar plantadas no estado de São Paulo
A palavra cachaça teria origem do castelhano ‘cachaza’, vinho que era feito do bagaço de uva de qualidade rudimentar. Por lei, só se pode chamar de cachaça a bebida produzida em território brasileiro. Se for feita fora, ela é chamada de aguardente de cana
No fim do século 19 e início do 20, com a forte imigração europeia e sua cultura de vinhos, a cachaça passou a ser vista como uma bebida de segunda linha, perdendo seu prestígio inicial e tornando-se marginalizada
A revalorização da cachaça veio com a Semana de Arte Moderna de 1922, onde foi escolhida como a bebida oficial do evento por resgatar os valores e ideais da nossa brasilidade
Estima-se que existam atualmente 30 mil produtores e mais de 400 mil trabalhadores ligados à indústria da cachaça no Brasil. Ela é a segunda bebida mais consumida no país e representa 72% do mercado de destilados
O processo de fabricação artesanal da cachaça começa com a colheita da cana. É crucial que a cana esteja madura, fresca e limpa, sendo cortada rente ao chão com cuidado para não rachar os gomos
A qualidade da cana é fundamental, assim como na escolha da uva para o vinho. Fatores climáticos e o solo são determinantes para uma boa safra. A cana para a cachaça deve ser espremida no máximo dois dias após o corte
Na etapa de moagem, a cana é levada à moenda, uma máquina com cilindros giratórios que a espreme. Cerca de 70% da massa da cana vira caldo (garapa), que é recolhido, e o bagaço é usado como combustível para a fornalha do alambique
A fermentação ocorre em tanques chamados dornas. Ao caldo de cana, adicionam-se produtos como fubá ou farelo de arroz, que estimulam a proliferação das leveduras (fungos microscópicos), essenciais ao processo
Essas leveduras são responsáveis por converter o açúcar da garapa em álcool. O produto resultante dessa transformação é conhecido como "vinho", que pode conter até 12% de teor alcoólico após a fermentação
A fase seguinte é a destilação, onde o "vinho" é despejado no alambique, um caldeirão metálico aquecido. Quando o vinho atinge 78,3°C, o álcool etílico, mais volátil que a água, evapora, iniciando o processo
O vapor de álcool sobe por uma coluna e condensa-se ao passar por uma serpentina resfriada a água, retornando ao estado líquido. A primeira parte desse líquido, a "cachaça de cabeça", é descartada por conter substâncias voláteis nocivas
O "coração" da cachaça, que é a parte de boa qualidade da bebida, tem de 38% a 54% de teor alcoólico. O líquido pode então ser engarrafado ou envelhecido em barris de madeira, como o carvalho
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