Congresso da Abraji discute desafios para o jornalismo, IA e ambiente

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O 20º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) vai oferecer, de 10 a 13 de julho, em São Paulo, mais de 150 atividades que abordam técnicas jornalísticas e discutem temas como desafios na profissão, uso de inteligência artificial e cobertura sobre ambiente.

Serão promovidas palestras e oficinas no evento, com a participação de personalidades internacionais como o editor do The Clinic Nicolás Sepúlveda, especializado em investigar corrupção política e empresarial, e Emília Diaz-Struck, diretora-executiva da GIJN (Rede Global de Jornalismo Investigativo) e com experiência em trabalhos premiados como Panamá e Pandora Papers.

Também são destaques atividades com reflexão sobre mudanças nas últimas décadas no jornalismo, técnicas de segurança para repórteres, transformações nas redações e dicas para profissionais autônomos.

Na programação do congresso, haverá espaço para uma homenagem em memória aos jornalistas Clóvis Rossi (1943-2019), Joel Silveira (1918-2007) e Tim Lopes, repórter da TV Globo torturado e morto em 2002 enquanto fazia uma reportagem no Rio de Janeiro.

Também serão homenageados outros jornalistas, como Caco Barcellos, Elio Gaspari, que é colunista da Folha, e Miriam Leitão. Outro profissional que receberá homenagem é José Hamilton Ribeiro, que completará 90 anos em agosto e que foi agraciado sete vezes com o Prêmio Esso.

A programação com palestras e oficinas está marcada para ocorrer das 9h às 18h nos quatro dias, com atividades presenciais, online e híbridas.

No dia 13, um domingo, o enfoque será no uso de dados para a produção de reportagens. Estão previstas atividades sobre linguagens de programação, uso de inteligência artificial e georreferenciamento com o QGIS, entre outros tópicos.

Além das oficinas, haverá um painel dinâmico com a apresentação de projetos de dados com jornalistas de diferentes veículos.

O evento é voltado a estudantes e profissionais da área de comunicação. Os valores dos ingressos, já no segundo lote, vão de R$ 70 a R$ 760, a depender do tipo e da quantidade de dias escolhidos. As inscrições podem ser feitas pelo site do encontro.

As atividades ocorrem em meio à preocupação sobre a circulação de uma retórica antimídia que tem provocado o aumento no número de ataques a jornalistas por agentes não estatais.

Levantamento da Abraji aponta o aumento na gravidade dos episódios de ataques à imprensa, apesar da diminuição em 2024 do registro de casos em comparação com o ano anterior (de 330 para 210).

A entidade constatou o aumento de casos de agressão física, ameaça, intimidação ou destruição de equipamentos —eles representaram 41% do total de 2024 e 38% do total em 2023.

Além disso, é a primeira vez desde o início do monitoramento, em 2021, que cidadãos comuns foram os principais responsáveis pelos ataques, superando agentes do Estado.

Eles representaram 39% dos agressores, contra 31% classificados como agentes estatais. No ano anterior, 56% dos agressores foram classificados como estatais, seguidos por cidadãos comuns, que somaram 24%.

A Abraji conta no grupo de "cidadãos comuns" pessoas públicas ou não, mas que não ocupam cargos públicos nem exercem mandatos. O monitoramento também aponta aumento na violência de gênero contra jornalistas e avanço do assédio judicial.

O levantamento é feito a partir da coleta diária de casos em fontes como notícias, denúncias e análise de redes sociais. Os números tendem a não representar a totalidade de fato dos casos, devido ao cenário de subnotificação.


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