Deriva autoritária de Trump leva ecos do fascismo à democracia dos EUA

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Donald Trump avança a passos largos rumo a um cenário sombrio para a democracia. Nos últimos meses, radicalizou sua atuação em diversas frentes. No exterior, quase se envolveu em uma guerra de grandes proporções no Oriente Médio. Na América Latina, prometeu punir o Brasil pelo processo contra Jair Bolsonaro, em clara interferência nos assuntos internos de outro país, ao mesmo tempo em que legitima seu próprio passado golpista.

Sua política econômica também preocupa: uma guerra tarifária baseada em um mercantilismo raso, manipulação de dados sobre o desemprego e uma reforma fiscal que amplia desigualdades e o déficit. Soma-se a isso o aumento recorde do orçamento do ICE (US$ 170 bilhões), com agentes fortemente armados detendo imigrantes e cidadãos em escolas e tribunais, como se fossem inimigos internos.

Outro aspecto crítico é a confusão entre o público e o privado. Nos primeiros três meses de governo, Trump teria aumentado sua fortuna pessoal em US$ 3 bilhões mediante criptomoedas duvidosas e investimentos estatais estrangeiros. Enquanto em outros países isso seria considerado corrupção escancarada, Trump normalizou tais práticas, alegando que ocorrem em seu "tempo livre".

Essas ações —militarização, corrupção e imprevisibilidade econômica— se conectam ao avanço autoritário interno. Trump ataca pilares democráticos com uma visão que flerta com o fascismo: militariza a política, estimula o culto ao líder, ataca a oposição e enfraquece instituições. Analistas e historiadores, como eu, veem sinais claros de uma escalada autoritária semelhante a regimes do passado.

Na Califórnia, observamos a repressão crescente e a violência ideológica. O presidente da Câmara dos Representantes sugeriu "alcatrão e penas" contra o governador Gavin Newsom, evocando práticas do Velho Oeste. A inauguração de uma prisão em pântanos da Flórida —o "Alcatraz dos Jacarés"— onde, segundo Trump, os animais devorariam fugitivos, reforça o discurso de violência institucionalizada.

O desfile promovido por Trump, travestido de comemoração militar, simbolizou o culto à sua figura como líder supremo. Apesar do fracasso de público, buscava associá-lo ao poder estatal e militar. O evento gerou protestos pacíficos e "antimonárquicos", que demonstraram que parte da sociedade ainda defende valores democráticos.

Trump não é apenas um político controverso, mas uma figura que ameaça as bases constitucionais dos EUA. Se o padrão continuar, veremos mais militarização, repressão, propaganda, ataques à imprensa e desmonte do Judiciário. Mas também cresce a resistência civil, que pode frear essa marcha autoritária. A democracia estadunidense, embora abalada, ainda pode se defender —se houver coragem coletiva para isso.

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