As pessoas continuaram a comer carne de cavalo em algumas partes da Europa medieval mesmo após a conversão ao cristianismo, revela uma análise publicada no último dia 14 na revista Antiquity.
As descobertas desafiam narrativas históricas predominantes que consideravam o consumo de carne de cavalo como bárbaro ou herético na época.
O estudo examinou a hipofagia, ou o consumo de carne de cavalo, e analisou evidências arqueológicas de 198 assentamentos medievais húngaros, incluindo vários localizados nos territórios do que hoje são Áustria, Croácia, Romênia, Sérvia e Eslováquia.
Embora não seja possível identificar os restos de cavalos em refeições menores, os pesquisadores analisaram a proporção de ossos do animal em relação a outros tipos de ossos em depósitos de lixo arqueológicos para determinar se a carne do bicho constituía uma parte substancial da dieta medieval inicial na Hungria.
Os resíduos desses sítios mostram um declínio geral nos restos de cavalos ao longo do tempo. O consumo de carne do animal, no entanto, persistiu por mais de dois séculos antes da invasão mongol de 1241-1242, e "em meados do século 16, durante a ocupação otomana, o consumo de carne de cavalo praticamente cessou na Hungria", provavelmente porque os cavalos estavam em alta demanda.
A invasão levou à destruição da maioria dos assentamentos nas planícies húngaras, seguida por declínio populacional e fome.
A existência de ossos de cavalo entre os montes de lixo medievais húngaros pode refletir uma tradição pastoral eurasiática, concluem os pesquisadores. Esses costumes sobreviveram à conversão ao cristianismo, mas desapareceram após a invasão mongol.
Como a proporção de ossos de cavalo em um quarto dos maiores conjuntos estudados excede dez por cento, os pesquisadores escrevem que uma proibição religiosa de comer cavalos na Hungria medieval era "improvável".
A invasão mongol parece ter tornado mais comum o consumo de porcos e vacas, acelerando o declínio das refeições com carne de cavalo na Hungria.
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