Exportação de petróleo do Brasil para os EUA pode ser redirecionada, diz setor

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O setor de petróleo diz ver com preocupação a sobretaxa às exportações brasileiras anunciada nesta quarta-feira (9) pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mas avalia que outros mercados têm condições de absorver o petróleo hoje vendido pelo Brasil no mercado americano.

A adoção de reciprocidade com a taxação de produtos americanos, porém, poderia ter maior impacto sobre a economia brasileira, já que os Estados Unidos fornecem 23% do diesel importado atualmente pelo Brasil.

Petróleo e combustíveis representam cerca de 15% das exportações brasileiras para os Estados Unidos, segundo dados do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços). Em 2024, essas vendas somaram US$ 3,2 bilhões.

Não é, porém, grande volume perto do total de exportações de petróleo e combustíveis do Brasil, que somaram US$ 51 bilhões no mesmo ano. Por se tratar de uma commodity com grande liquidez, as empresas do setor entendem que podem redirecionar a parcela americana a outros países.

Principal exportadora de petróleo do país, a Petrobras disse em nota que ainda está avaliando o impacto das tarifas, mas que mantém sua estratégia "de buscar sempre a melhor alternativa para a empresa em qualquer cenário".

"O posicionamento comercial e a atuação global da Petrobras permitem monitorar permanentemente os movimentos do mercado internacional e observar as opções mais econômicas", concluiu a companhia, no comunicado enviado à Folha.

Folha Mercado

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O principal cliente da Petrobras é a China, que ficou com 30% do petróleo exportado pela estatal no quarto trimestre de 2024. Os Estados Unidos responderam por 9%. Naquele trimestre, houve grande crescimento das compras de países asiáticos além da China, puxado principalmente pela Índia.

Os Estados Unidos, por outro lado, têm peso relevante nas exportações de derivados de petróleo pela estatal: no quarto trimestre de 2024, representaram 35% das vendas. A Petrobras é exportadora de combustíveis mais pesados, como o óleo combustível.

Vitor Sabag, especialista em combustíveis do Gasola, destaca, porém, que as importações de diesel dos Estados Unidos para o Brasil poderiam ser afetadas caso o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) opte por taxar aquele país em reciprocidade.

"Em abril, o Congresso Nacional aprovou a Lei de Reciprocidade Econômica, que autoriza o governo brasileiro a adotar contramedidas contra ações unilaterais que prejudiquem a competitividade do país", lembrou, em nota.

A principal alternativa ao diesel americano, diz, é a Rússia, hoje responsável por 60% das importações brasileiras. Esse produto, porém, não é comprado por grandes distribuidoras que têm ações em bolsa, por receio das sanções impostas por Estados Unidos e Europa após o início da guerra na Ucrânia.

Representante das grandes petroleiras com atividade no país, incluindo as americanas ExxonMobil e Chevron, o IBP (Instituto Brasileiro do Petróleo e Gás) disse ver com preocupação a sobretaxa anunciada por Trump na quarta.

Em nota, afirma que a medida traz incertezas para o setor de petróleo e gás, que responde hoje por 17% do PIB industrial brasileiro e 1,6 milhão de empregos diretos e indiretos no país. E ressalta que o petróleo foi o principal produto da pauta de exportações brasileira em 2024.

"O IBP defende o diálogo aberto entre as lideranças brasileiras e norte americanas a fim de encontrar uma solução diplomática para esta questão e preservar a estabilidade institucional e o fluxo comercial entre as duas maiores economias do continente", disse.

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