A Justiça da Austrália declarou nesta segunda-feira (7) que Erin Patterson, uma mulher de 50 anos, assassinou três parentes de seu ex-marido e tentou assassinar um quarto ao servir às vítimas uma refeição com cogumelos tóxicos, em um julgamento que despertou interesse do mundo inteiro.
Após uma semana de deliberação, o júri concluiu que, em julho de 2023, Erin convidou para um almoço familiares de Simon Patterson, de quem estava se separando, e os envenenou com porções de carne que continham o cogumelo Amanita phalloides. Também conhecida como cogumelo da morte, a espécie é considerada uma das mais letais do mundo.
Sua ex-sogra, Gail Patterson, seu ex-sogro, Donald Patterson, e a irmã de Gail, Heather Wilkinson morreram após a refeição. Já Ian Wilkinson, marido de Heather, sobreviveu à tentativa de homicídio depois de passar várias semanas hospitalizado. Simon, com quem Erin tinha divergências sobre a pensão alimentícia dos filhos, também havia sido convidado, mas desistiu no último minuto.
Ao longo do julgamento, que durou mais de dois meses, Patterson se declarou inocente das quatro acusações, afirmando que as mortes foram acidentais. Segundo ela, o prato que havia preparado foi envenenado acidentalmente com o cogumelo, facilmente confundido com outras variedades comestíveis.
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A imprensa de todo o mundo acompanhou cada detalhe do julgamento, que atraiu podcasters, equipes de filmagem e fãs de programas de 'true crime' para Morwell, uma cidade no estado de Victoria a 60 km de Leongatha, localidade com cerca de 6.000 habitantes onde ocorreu o crime.
A promotoria, liderada pela advogada Nanette Rogers, disse ao tribunal que Erin empregou quatro grandes fraudes para assassinar seus convidados.
Primeiro, ela inventou um diagnóstico de câncer para atrair os convidados para o almoço. Em seguida, envenenou as refeições deles enquanto se serviu de uma porção sem contaminação. Depois, mentiu que também estava passando mal por causa da comida para evitar suspeitas, antes de finalmente tentar destruir provas e mentir para os investigadores quando a polícia começou a apurar o caso.
Erin, que foi a única testemunha de defesa, contratou uma equipe jurídica de quatro pessoas liderada por Colin Mandy, um dos principais advogados criminais de Melbourne.
Ela afirmou que trava uma batalha de longa data contra seu peso, enfrentando um distúrbio alimentar. Por isso, teria mentido sobre ter câncer por ter vergonha de admitir que, na verdade, estava fazendo uma cirurgia para perda de peso. Ela queria conselhos de seus parentes sobre como contar aos dois filhos sobre o procedimento, afirmou.
Erin ainda disse ao tribunal que não ficou tão doente quanto seus convidados porque havia comida um bolo que sua sogra havia levado secretamente e depois induzido o próprio vômito. Os cogumelos afetaram rapidamente os convidados —Don, Gail e Heather morreram em uma semana.
Os parentes das vítimas se recusaram a falar com a imprensa após o veredicto e pediram privacidade em um comunicado divulgado pela polícia. Mandy tampouco fez comentários ao deixar o tribunal em meio a uma multidão de jornalistas.
Vários documentários sobre o caso já estão em produção.
A sentença, da qual Erin vai poder apelar, será anunciada posteriormente. Ela pode pegar uma pena máxima de prisão perpétua.