Nova pesquisa fortalece evidências sobre idade de pegadas humanas no Novo México

1 mês atrás 11

Uma nova pesquisa fornece evidências que corroboram a idade de pegadas humanas fossilizadas descobertas no parque nacional de White Sands, no estado americano do Novo México, que reescrevem a história dos humanos nas Américas. O estudo foi publicado na última quarta-feira (18) na revista Science Advances.

Pesquisadores adotaram uma técnica chamada datação por radiocarbono para determinar que a matéria orgânica nos restos de lamas de zonas úmidas e sedimentos de lagos rasos próximos às impressões fossilizadas de pés têm entre 20,7 mil e 22,4 mil anos.

As estimativas se correlacionam com descobertas anteriores, baseadas na idade do pólen e sementes no local, de que as pegadas foram formadas entre 21 mil e 23 mil anos atrás.

As pegadas, cuja descoberta foi anunciada em 2021, indicam que humanos pisaram na paisagem da América do Norte milhares de anos antes do que se pensava anteriormente, durante as condições mais inóspitas da última Era do Gelo.

Mas a idade dessas pegadas tem sido uma questão controversa.

Quando perguntado sobre como as novas descobertas se alinham com as anteriores, o líder do novo estudo, o arqueólogo e geólogo Vance Holliday, da Universidade do Arizona, respondeu: "Espetacularmente bem."

O Homo sapiens surgiu na África há aproximadamente 300 mil anos e posteriormente se espalhou pelo mundo. Os cientistas dizem acreditar que nossa espécie entrou na América do Norte vinda da Ásia, atravessando uma conexão entre Sibéria e Alasca. Evidências arqueológicas anteriores sugerem que a ocupação humana da América do Norte começou há aproximadamente 16 mil anos.

Os caçadores-coletores que deixaram as pegadas em White Sands estavam atravessando a planície de inundação de um rio que desaguava em um antigo corpo d'água chamado lago Otero. A lama pela qual caminhavam incluía fragmentos de plantas semiaquáticas que haviam crescido nessas áreas úmidas.

A datação por radiocarbono é usada para determinar a idade de material orgânico com base na decomposição de um isótopo chamado carbono-14, uma variante do elemento carbono. Organismos vivos absorvem o carbono-14 em seus tecidos. Após a morte de um organismo, esse isótopo se transforma em outros átomos ao longo do tempo, fornecendo uma métrica para determinar a idade.

"Três fontes separadas de carbono —pólen, sementes e lamas e sedimentos orgânicos— foram agora datadas por diferentes laboratórios de radiocarbono ao longo da pesquisa sobre as trilhas de pegadas. Todas indicam uma idade do último máximo glacial para as pegadas", disse Jason Windingstad, candidato a doutorado em ciência ambiental da Universidade do Arizona e coautor da nova pesquisa.

O estudo de 2021 datou as pegadas usando datação por radiocarbono em sementes de uma planta aquática encontradas junto às trilhas.

Um estudo publicado em 2023 usou datação por radiocarbono em grãos de pólen de coníferas das mesmas camadas de sedimentos que as sementes da espécie analisada. Mas alguns cientistas consideraram as sementes e o pólen como marcadores não confiáveis para datar as trilhas.

O novo estudo fornece corroboração adicional da datação, além de proporcionar uma melhor compreensão da paisagem local na época.

"Quando o artigo original apareceu, na época não sabíamos o suficiente sobre a paisagem antiga porque ela estava enterrada sob o campo de dunas de White Sands ou foi destruída quando o antigo lago Otero, que tinha muito gesso, secou após a última Era do Gelo e foi erodido pelo vento para criar as dunas", disse Holliday.

Hoje, a paisagem situada a oeste da cidade de Alamogordo, no Novo México, consiste em dunas onduladas de cor bege do mineral gipsita.

"A área dos rastros e seus arredores incluía água que descia das montanhas a leste, na borda do antigo lago e em zonas úmidas ao longo das margens do lago. Nossa datação mostra que esse ambiente persistiu antes, durante e após o período em que as pessoas deixaram suas pegadas", afirmou Holliday.

A área poderia ter fornecido recursos importantes para caçadores-coletores.

"Sabemos, pelos abundantes rastros na área, que pelo menos mamutes, preguiças-gigantes terrestres, camelos e lobos-terríveis estavam presentes, e provavelmente outros grandes animais. Dado o cenário, deve ter havido uma grande variedade de outros animais e também plantas", acrescentou o arqueólogo.

O clima era marcadamente diferente do atual, com verões mais frescos e a área recebendo significativamente mais precipitação.

"É importante notar que esse é um sítio de trilhas, não um local de habitação", disse Windingstad. "Ele nos fornece uma visão limitada de pessoas atravessando a paisagem. Para onde elas estavam indo e de onde vieram é obviamente uma questão em aberto e que requer a descoberta e escavação de sítios que sejam de idade similar na região. Até agora, esses sítios não foram encontrados."

Read Entire Article