A ONG Instituto Caramelo iniciou nesta quarta (23) uma campanha para pressionar o Cade a voltar atrás na decisão da Superintendência-Geral do órgão antitruste, que aprovou sem restrições a fusão entre Petz e Cobasi.
A organização tem entre seus principais patrocinadores a Petlove, que contestou a transação junto ao Cade. Marcio Waldman, fundador da empresa, é conselheiro da ONG.
Com o slogan "Não ao Monopólio Pet", o instituto afirma em um vídeo publicado nesta manhã que a fusão criará o maior monopólio do setor, responsável pela elevação de preços da ração, dos produtos para animais de estimação, vacinas e todos os serviços veterinários.
Em tom apocalíptico, o material publicitário diz que o resultado será uma "nova era de abandonos em massa de cães e gatos no Brasil".
O vídeo diz ainda que os pequenos pet shops de bairro serão penalizados, com quebradeira geral no mercado.
Os argumentos, porém, contrastam com a realidade e com o que a Superintendência-Geral do Cade apurou sobre dados do setor, que levaram à aprovação da fusão sem restrições.
Segundo análise do órgão, a diversidade de atores, modelos de negócios e portes impede a consolidação de um formato dominante, favorecendo a fusão.
Marketplaces, supermercados, agrolojas e petshops menores exercem pressão competitiva suficiente para conter eventual exercício de poder de mercado pelas redes após a fusão, segundo o Cade.
Reportagem da Folha de 2023 também mostrou que os pequenos negócios dominam o mercado pet no Brasil.
Com 1,3 milhão de seguidores no Instagram, o Instituto Caramelo finalizou a sua campanha na rede social convidando o público a entrar no site da ONG e votar "não" à aprovação da transação, como forma de pressionar o Cade.
O esforço, porém, tende a não surtir resultado. Como mostrou o Painel S.A., levantamento com base em decisões dos últimos quatro anos mostra que o órgão antitruste manteve 100% o mérito dos pareceres da superintendência questionados por interessados.
Consultada, Petlove não se manifestou até a publicação da reportagem. O Instituto Caramelo disse que a campanha é uma iniciativa independente.
"Há 10 anos nossa atuação é movida exclusivamente pela defesa do bem-estar animal e pelo impacto direto que decisões econômicas podem ter sobre o abandono de cães e gatos no país", disse em nota.
Com Stéfanie Rigamonti