O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) usou a crise dos Correios para desgastar mais o governo Lula. Pouco antes do recesso legislativo, o parlamentar encaminhou relatório à Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor em que pede a convocação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Esse movimento decorre da Proposta de Fiscalização e Controle aberta no Senado pela senadora Damares Alves (Republicanos-DF) para apurar possíveis irregularidades administrativas, financeiras, operacionais e institucionais nos Correios. Trata-se de uma mini-CPI.
Essa foi a medida encontrada pela oposição para conseguir abrir uma investigação contra a estatal, já que a tentativa de impor uma CPI dos Correios no início deste ano, após a empresa registrar prejuízo bilionário em 2024, acabou não vingando.
Os Correios estão vinculados ao Ministério das Comunicações. O ministro Frederico de Siqueira Filho (UB-MA) também teve a presença solicitada.
Questionado, o senador Flávio Bolsonaro respondeu, via assessoria, ter pedido a convocação de Haddad para que dê informações da Receita Federal sobre as movimentações financeiras dos Correios.
Ele disse que também quer a presença do secretário do fisco, Robinson Barreirinhas, e da ministra Esther Dweck (da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos).
No relatório, o senador fala em "manobras contábeis e às demonstrações financeiras" dos Correios e diz que é necessário tomar providências administrativas e fiscalizatórias, principalmente em relação ao rombo de R$ 7,6 bilhões no fundo de pensão dos servidores da companhia, o Postalis, e ao aumento de despesas com patrocínios.
Além de solicitar depoimentos dos ministros, secretário e diversas outras pessoas ligadas aos Correios, o parlamentar também pediu a liberação para solicitar à estatal documentos de contratos e auditorias internas, além de informações sobre empréstimos bancários, pagamentos a funcionários e fornecedores, medidas adotadas diante da situação financeira da empresa, entre outras.
Por fim, o parlamentar pediu para encaminhar ao Tribunal de Contas da União uma solicitação de auditoria nos Correios.
O relatório foi enviado à comissão na semana passada, mas só será analisado no retorno das atividades parlamentares, já que o Congresso entrou em recesso na sexta (18).
Flávio Bolsonaro também afirma que é preciso apurar se houve nomeações políticas sem critérios técnicos, além de verificar um aparelhamento dos Correios e a prática de assédio moral contra os funcionários.
No fim do ano passado, a Justiça do Trabalho impôs o pagamento de R$ 100 mil à estatal por uma denúncia de assédio moral e perseguição de um ex-superintendente contra o então presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos.
Com Stéfanie Rigamonti