Persistência e morte trágica marcam história da pioneira do Starbucks no Brasil

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A decisão sobre a chegada da maior rede de cafeterias do mundo ao Brasil completou 20 anos em junho. As primeiras lojas foram inauguradas apenas em dezembro de 2006, mas o planejamento que levou à expansão foi longo e tem uma figura central: a empresária carioca Maria Luisa Novello Rodenbeck, que morreu menos de um ano após a realização do seu sonho.

Tudo começou em março de 1997, quando Maria Luisa decidiu ir a Seattle, sede da empresa, e aguardar. Sem horário marcado com nenhum dos altos executivos da companhia fundada por Howard Schultz, ela levou um plano de negócios que desenvolvera como trabalho final de seu curso de MBA. Sua intenção era entregá-lo a uma assistente de desenvolvimento internacional com a qual havia feito contato.

Mas Maria Luisa não se deu por satisfeita. Sentou no saguão de entrada e ali ficou, de tocaia, no aguardo. Tinha a esperança de abordar Jinlong Wang, um dos altos executivos responsáveis pela expansão internacional. Após horas de espera, quem apareceu foi o próprio Schultz, fundador e CEO da marca.

Ela então entregou seu plano de negócios. Mal sabia que teria que esperar quase uma década para colocá-lo em prática. Em um email a uma amiga após o encontro com com Schultz, Maria Luísa escreveu: "Fui lá tentar ver Jesus e acabei esbarrando em Deus!".

O episódio acima é narrado em "Maria Luisa Rodenbeck: a empresária que trouxe a Starbucks para o país do café", biografia escrita pela jornalista Luciana Medeiros.

Dali em diante, o Brasil entrou no radar da companhia americana, mas os planos internacionais de Schultz estavam direcionados para outros mercados, como Europa e Ásia. De tempos em tempos, contudo, Maria Luisa entrava em contato. Foram inúmeros faxes, emails e ligações. Precisava manter a ideia viva entre os executivos da empresa.

Em junho de 2005, o Starbucks finalmente decidiu colocar em prática o plano de expansão para o Brasil. Mas havia outros empresários no páreo para operar a companhia no país.

Maria Luisa foi convidada para apresentar seu plano aos executivos americanos. Chegou a Seattle acompanhada do marido, Peter Rodenbeck, responsável por trazer o McDonald’s e o Outback para o Brasil.

Ela fez sua apresentação e tirou dúvidas, mas o time de Seattle parece que já havia decidido. Saiu de lá com a aprovação. Realizaria o sonho de trazer a maior rede de cafeterias do mundo para o país do café.

As primeiras lojas foram inauguradas em dezembro de 2006, ambas no shopping Morumbi, zona sul de São Paulo. Os meses seguintes foram de trabalho intenso para Maria Luisa, que abriu mais cafeterias, como as unidades dos shoppings Higienópolis e Center 3, na região central da capital paulista.

Em setembro de 2007, era hora de parar para descansar e celebrar. Decidiu então tirar duas semanas de férias para viajar com o marido para a Austrália e Nova Zelândia.

Após duas semanas de uma viagem que envolveu praias, passeio de lancha e trilhas, Maria Luisa desembarcou de volta ao Rio na madrugada de domingo, 30 de setembro de 2007.

No dia seguinte, acordou muito cedo. Entrou em um táxi, um Fiat Uno, que a levaria de seu apartamento, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, até o aeroporto Santos Dumont, na região central. Encontraria os parceiros que inaugurariam a próxima loja do Starbucks em São Paulo, dali a uma semana.

Ao chegar na avenida Niemeyer, em São Conrado, o taxista tentou fazer uma ultrapassagem. Bateu de frente com um ônibus que vinha na direção contrária. Ninguém no ônibus se feriu. No Fiat Uno, Maria Luísa, então com 49 anos, e o motorista, 51, morreram na hora.

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