Projeto de gastos e corte de impostos de Trump avança no Senado dos EUA

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O Senado dos Estados Unidos, controlado pelos republicanos, avançou o projeto de lei do presidente Donald Trump sobre corte de impostos e gastos.

Os parlamentares votaram por 51 a 49, nesse sábado (28), para abrir o debate sobre o megaprojeto de 940 páginas, com dois dos senadores republicanos se unindo aos democratas para se oporem à legislação que financiará as principais prioridades do presidente em termos de imigração, fronteiras, corte de impostos e militares.

O resultado foi o capítulo final de uma uma maratona de sessões no fim de semana marcada por drama político, divisão e longos atrasos, já que os democratas tentaram retardar o caminho da legislação para a aprovação.

Nas redes sociais, Trump saudou a "grande vitória" de seu "grande e belo projeto de lei".

Depois de horas de atraso, durante as quais os líderes republicanos e o vice-presidente JD Vance trabalharam a portas fechadas para persuadir os resistentes de última hora a apoiar a medida, os democratas exigiram que o megaprojeto de lei fosse lido em voz alta na Casa, o que poderia atrasar os trabalhos.

Neste domingo, começou o debate no Congresso sobre o projeto. Segundo o CBO (Escritório de Orçamento do Congresso), o texto levado ao Senado acrescentará US$ 3,3 trilhões à dívida do país, cerca de US$ 800 bilhões a mais do que a versão aprovada no mês passado pela Câmara dos Deputados.

Os republicanos, que há muito tempo expressam preocupação com os crescentes déficits e dívidas dos EUA, têm rejeitado a metodologia de longa data do CBO para calcular o custo da legislação. Mas os democratas esperam que os números mais recentes e surpreendentes possam despertar ansiedade suficiente entre os conservadores fiscalistas para levá-los a se opor ao seu partido, que controla as duas Casas do Congresso.

"Os republicanos estão fazendo algo que o Senado nunca fez antes, empregando matemática falsa e artifícios contábeis para esconder o verdadeiro custo do projeto de lei", disse o líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer, no início do debate no domingo.

"Os republicanos estão prestes a aprovar o projeto de lei mais caro da história dos EUA, para conceder incentivos fiscais aos bilionários e, ao mesmo tempo, retirar o Medicaid, os benefícios do SNAP (Programa de Assistência Nutricional Suplementar) e os empregos bem remunerados para milhões de pessoas", comentou o opositor.

Trump quer que o projeto de lei seja aprovado antes do feriado do Dia da Independência, em 4 de julho. Embora esse prazo seja uma escolha, os parlamentares enfrentarão um prazo muito mais sério no final deste mês, quando deverão aumentar o teto da dívida autoimposta do país ou correrão o risco de um calote devastador sobre a dívida de US$ 36,2 trilhões do país.

"Vamos garantir que as pessoas que trabalham duro possam conservar mais do seu dinheiro", disse a senadora Katie Britt, republicana do Alabama, ao programa State of the Union da CNN neste domingo.

DOIS REPUBLICANOS IRRITAM TRUMP

No sábado, os senadores republicanos Thom Tillis e Rand Paul votaram contra a abertura do debate, uma medida que, por algum tempo, parecia estar correndo o risco de fracassar.

Trump atacou Tillis, que se opôs aos cortes do projeto de lei no programa de saúde Medicaid para norte-americanos de baixa renda, o que, segundo ele, seria devastador para sua Carolina do Norte natal.

"Várias pessoas se apresentaram para concorrer nas primárias contra o 'Senador Thom' Tillis. Vou me reunir com elas nas próximas semanas", publicou o presidente. Após as ameaças, Tillis afirmou que não tentará a reeleição no próximo ano.

A cadeira de Tillis na Carolina do Norte é uma das poucas cadeiras republicanas no Senado consideradas vulneráveis nas eleições de meio de mandato do próximo ano.

Paul se opôs à legislação porque ela aumentaria o limite de empréstimo federal da dívida de US$ 36,2 trilhões dos EUA em mais US$ 5 trilhões.

"Rand Paul votou 'NÃO' novamente esta noite? O que há de errado com esse cara???", questionou Trump nas mídias sociais.

Folha Mercado

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CRÍTICAS DE MUSK

A votação de sábado ficou no limbo por horas, enquanto Vance, o líder da maioria no Senado, John Thune, e outros republicanos importantes tentavam persuadir os resistentes de última hora a apoiar a legislação. Não ficou claro quais acordos, se é que houve algum, foram fechados para conquistar o apoio deles.

Os senadores republicanos linha-dura Rick Scott, Mike Lee e Cynthia Lummis, que querem cortes mais profundos nos gastos federais, votaram a favor do projeto de lei. Outro senador linha-dura, Ron Johnson, inicialmente votou contra, mas mudou seu voto e apoiou a legislação.

Trump estava monitorando a votação no Salão Oval até tarde da noite, disse uma autoridade sênior da Casa Branca.

O megaprojeto estenderá os cortes de impostos de 2017 que foram a principal conquista legislativa de Trump durante seu primeiro mandato como presidente, cortará outros impostos e aumentará os gastos com as Forças Armadas e a segurança nas fronteiras.

O apartidário Comitê Conjunto de Impostos divulgou uma análise projetando que as disposições tributárias do projeto de lei do Senado reduziriam a receita do governo em US$ 4,5 trilhões na próxima década, aumentando a dívida de US$ 36,2 trilhões do governo dos EUA.

A Casa Branca afirmou este mês que a legislação reduziria o déficit anual em US$ 1,4 trilhão.

A pessoa mais rica do mundo, Elon Musk, também atacou o projeto de lei, que acabará com as isenções fiscais para os veículos elétricos que sua montadora Tesla fabrica.

Chamando o projeto de lei de "totalmente insano e destrutivo", ele se arriscou a reacender uma briga com Trump que se acirrou no início deste mês, antes de Musk recuar em sua retórica.

"O último projeto de lei do Senado destruirá milhões de empregos nos Estados Unidos e causará um imenso dano estratégico ao nosso país!", postou Musk em uma publicação em sua plataforma de mídia social X.

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